SANTO ANTÔNIO (2)




(na Festa de Santo Antônio)

Queridos irmãos e irmãs na fé:
A Palavra missionária que o Senhor nos concede hoje através do seu Evangelho foi intensamente vivida pela santo padroeiro desta nossa comunidade, que nos acolhe com tanto carinho, também padroeiro da nossa Catedral e da nossa Diocese: Santo Antônio.
Frei Antônio saiu pelo mundo a fim de anunciar e testemunhar com a vida o Evangelho de Jesus. E como verdadeiro discípulo do Mestre, assim como aconteceu com os primeiros discípulos e com os apóstolos, sinais extraordinários do poder da Palavra de Deus acompanharam a sua pregação.
Há muitas histórias que são contadas a respeito de Santo Antônio, muitas verdadeiras, outras envoltas em lenda.
Mas hoje eu não quero recontar histórias que todos nós já ouvimos a respeito de Santo Antônio. Hoje eu gostaria de falar algumas palavras que confirmam as qualidades positivas do Santo, as virtudes de Santo Antônio que chegaram até nós de forma deturpada e que minimizam estas mesmas virtudes.
É o caso, por exemplo, da devoção que nos chegou através de Portugal, terra natal daquele que na Itália é conhecido como Santo Antônio de Pádua, ou simplesmente, O Santo, mas que em terras lusitanas é chamado de Santo Antônio de Lisboa. A devoção que nos chegou pelos portugueses designa Santo Antônio como ‘santo casamenteiro”. Homem de Deus, que tinha na pregação sua grande qualidade, seu grande carisma, sobretudo no período da Quaresma dedicava especial atenção à valorização do Matrimônio e da família. Sua pregação para o povo perdeu-se, mas a idéia da valorização do matrimônio chegou-nos reduzida à devoção de “santo casamenteiro”.
Famosa é, como já disse, a sua capacidade, o seu dom de pregar a Palavra de Deus para a conversão dos corações, das vidas. Sabemos que, quando seu corpo foi exumado a 8 de abril de 1263, quase 32 anos após a sua morte, acontecida a 13 de junho de 1231, para ser sepultado em um sarcófago de granito verde colocado sobre quatro colunas na nova Basílica a ele dedicada em Pádua, cidade italiana onde viveu seus últimos anos, para onde retornava quando faleceu e onde foi sepultado, nessa ocasião, sua língua foi encontrada incorrupta, o que levou São Boaventura, na época Ministro Geral da Ordem Franciscana e presente a esta recognição, a exclamar: “Ó língua bendita, que louvaste a Deus e levaste outros a louvá-lo, agora se manifesta quanto foste valiosa junto ao Senhor”. Esta história é conhecida pelos devotos de Santo Antônio e a língua incorrupta do Santo ainda pode ser vista na Basílica de Santo Antônio, em Pádua, exposta em um relicário.
Mas o que poucas pessoas sabem é que além daquela recognição realizada em 1263, houve uma outra recognição de seus restos mortais, realizada a 6 de janeiro de 1981. Foi a segunda e última recognição até hoje realizada. Esta última exumação revelou coisas extraordinárias, agora com a ajuda da ciência médica.
Confirmando o dom da pregação de Santo Antônio, foram encontrados, em meio às suas cinzas e aos fragmentos de seu hábito religioso, e bem conservados e reconhecíveis, os órgãos de fonação, ou seja, o aparato vocal de Santo Antônio: duas lâminas da cartilagem aritenoidéia e o osso hióide com fragmentos cutâneos da região da laringe; portanto, não apenas a língua, imediatamente reconhecida em 1263, por ocasião da primeira recognição.
E outras qualidades de Santo Antônio também foram confirmados pelos cientistas em 1981. De acordo com os médicos e especialistas, a estrutura óssea do Santo apresenta três anomalias, características de sua vida, da forma como levou sua vida:
1) o seu calcanhar apresenta deformações ósseas típicas dos grandes caminheiros, o que demonstra e confirma sua atividade itinerante de pregador da Palavra de Deus;
2) os seus joelhos possuem o que se conhece por “calo de camelo”, isto é, uma deformação óssea comum às pessoas que ficam muito tempo ajoelhadas, o que confirma em Santo Antônio seu espírito de intensa oração e contemplação;
3) a órbita ocular é esponjosa, sinal de subnutrição de adulto, resultado dos muitos e intensos jejuns praticados pelo Santo.
Hoje, portanto, com estas palavras e estas recordações, quero apenas mais uma vez apresentar Santo Antônio como exemplo do seguimento de Jesus. Não queremos reduzir a riqueza de sua vida exemplar de cristão a mero “arranjador de marido” para as jovens solteiras ou à bênção sacramental do pãozinho, que acima de tudo deve ser sinal da caridade e da partilha vivida por ele.
Quero resgatar as qualidades deste homem viril, que tinha a Sagrada Escritura como luz para a sua vida e as suas ações; que a anunciava a todos; que orava e jejuava para vencer as tentações do pecado e assemelhar-se cada vez mais ao seu Mestre, Jesus Cristo.
E quero terminar com palavras escritas pelo próprio Santo Antônio:
“De três coisas procede a morte ou a vida: do coração, da língua e da mãe. No coração, é simbolizada a adesão ao bem ou a mal; na língua, nossa comunicação por palavras; nas mãos, nosso agir. Aqueles, portanto, que renegam a Cristo nas trevas do pecado, arrependam-se perante a pregação da Palavra de Deus, para que à luz da penitência possam confessá-lo juntamente com Pedro por três vezes: amo, amo, amo! Amo com o coração, pela fé e devoção; amo com a língua, afirmando a verdade e edificando o próximo; amo com as mãos, por meio de um agir puro”.

(cantado:) Santo Antônio, rogai por nós! (bis)


Pe. Nelson Ricardo Cândido dos Santos
13 de junho de 2006

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