Queridos
irmãos e irmãs da Pastoral da Juventude em Meio Popular :
Antes
de falar a respeito da caridade que é devida por nós aos mais necessitados,
pelo batismo que recebemos e para sermos verdadeiramente cristãos, quero me
apresentar.
Sou
o Padre Nelson Ricardo Cândido dos Santos, da Diocese de Nova Iguaçu. Como lema
de minhas ordenações Diaconal e Presbiteral escolhi o texto de Mateus, no qual
se lê: “... o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir...” (Mt
20,28). Ao longo de meu Ministério Ordenado, tenho procurado colocar em prática
este lema bíblico e no serviço à caridade junto aos mais pobres tenho
encontrado não apenas sentido para o meu Ministério, mas principalmente para a
vida.
Marcou-me
muito, em 2006, um trecho da Oração da Campanha da Fraternidade, cujo tema daquele
ano foi “Fraternidade e Pessoas com
Deficiência”, no qual se lia: “Ensinai-nos que o segredo da felicidade está
em fazer o bem e partilhar alegrias e sofrimentos”. Sempre senti que essa
oração foi verdadeiramente inspirada pelo Espírito Santo. As pessoas buscam a
felicidade fazendo a própria vontade e vivendo egoisticamente, no entanto,
assim fazendo, terminam tristes, sozinhas e desesperançadas. São, de fato,
felizes, aqueles que passam a vida fazendo o bem, mas não é uma felicidade sem
problemas, sem dores e sem sofrimentos, mas aquela felicidade que vem da
prática do bem, da caridade, que busca minimizar as dores e sofrimentos dos
mais pobres e que sofre compassivamente quando depara-se com tantas dores no
mundo.
Conforme
eu tenho entrado em contato com a realidade injusta deste mundo, mais eu
descubro que não posso ficar indiferente a ela. É preciso agir concretamente
para mudá-la, ao menos em nosso entorno, à nossa volta, no ambiente em que
vivemos.
Já
a alguns anos, tive contato com a Casa da Solidariedade, um projeto iniciado
pela Irmã Madalena, religiosa do Instituto das Irmãs da Santa Cruz, que acolhe
todos os dias os nossos irmãos em situação de rua (moradores de rua), visando promover
a reintegração dessas pessoa, que são excluídas da e pela sociedade. Essa Casa
oferece espaço diário de acolhimento a homens e mulheres, onde possam manter-se
com dignidade, mesmo vivendo na rua. Assim como Jesus acolhia os marginalizados
e procurava reintegrá-los à sociedade, a Casa da Solidariedade acolhe dezenas
de pessoas, oferecendo-lhes café-da-manhã, almoço e a oportunidade para a
higiene pessoal (banho, lavagem de roupas). Procura-se, ainda, alimentá-los com
leituras bíblicas e orações comunitárias. Há, também, orientação e ajuda na
aquisição da segunda via de documentos, acompanhamento a posto de saúde quando
necessário, assim como compra de medicamentos e realização de curativos, feito
por enfermeira da Casa. Permanentemente há acompanhamento por Psicólogo e por
Assistente Social, e eventualmente palestras ligadas sobretudo à área de
saúde. A Casa da Solidariedade busca,
junto aos assistidos, levá-los a refazerem seus laços familiares e
incentivam-nos a exercerem atividades de coleta de material reciclável e
pequenos trabalhos em busca de suas sobrevivências.
O
meu contato com a Casa da Solidariedade abriu-me mais à misericórdia para com
estes irmãos que são os pobres entre os pobres e à compaixão, levando-me a
amá-los e a não julgá-los, pois só conhecendo cada história pessoal
compreendemos o quanto foram massacrados, alguns desde o ventre materno, o que
os levou à situação em que se encontram. Partilhando minha experiência de
contato com os moradores rua, consegui o apoio de boa parte dos fiéis da
Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Parque Flora, onde sirvo como Pároco,
assim como de amigos, através da internet, particularmente do Facebook. Pelo
segundo ano consecutivo, conseguimos promover uma ceia de Natal para eles, na
Praça da Liberdade, no centro de Nova Iguaçu, em 2015 na noite do dia 24 de
dezembro e, neste de 2016, no almoço do dia 25. A motivação para esta refeição
natalina é bíblica: «Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos,
nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será
para você recompensa. Pelo contrário, quando você der uma festa, convide
pobres, aleijados, mancos e cegos. Então você será feliz! Porque eles não lhe
podem retribuir. E você receberá a recompensa na ressurreição dos justos.»
(Lucas 14, 12b-14).
Durante
todo o ano, celebramos 4 missas mensais especiais [primeira sexta-feira do mês,
primeiro sábado do mês, dia 18 (Mãe Peregrina) e dia 27 (Nossa Senhora das
Graças)], nas quais se incentiva o povo a trazer doações de alimentos, produtos
de higiene pessoal e de limpeza para encaminharmos à Casa da Solidariedade.
Algumas pessoas, ao longo do mês, entregam-me a doação em dinheiro e, com essas
doações, temos mantido grande parte das carnes para as refeições.
O
contato com a realidade sofrida do mundo, levou-nos também a conhecer e a
ajudar, embora com maior dificuldade devido à distância, a Casa Irmão dos
Pobres, em Paracambi, que acolhe homens que desejam libertar-se da dependência
de drogas.
Mais
recentemente, passamos a ajudar três casas de menores, cujos pais perderam a
guarda de seus filhos devido a maus tratos e/ou dependência de drogas. Há desde
bebês até adolescentes abrigados nessas casas. Ligadas à Casa do Menor São
Miguel Arcanjo, fundada pelo nosso querido Pe. Renato Chiera, nada lhes falta
de essencial, mas buscamos doar aquilo que as pessoas geralmente não doam, como
materiais de higiene pessoal e de limpeza, temperos (alho e cebola), farinhas
para mingau para os mais novos e fraldas infantis.
Embora
muito tenha sido feito, ainda é pouco diante das necessidades do mundo.
Sozinhos não poderemos fazer muito, mas unindo-nos na caridade, poderemos mudar
a face da terra.
Por
isso venho me dirigir a vocês, jovens da PJMP, na esperança de encontrar em seu
meio pessoas abertas à caridade e que sonham com um mundo mais justo e
fraterno. A prática do bem dá-nos uma alegria interior imensa, mas nada
comparável à vida eterna que o Senhor Deus da Vida reserva para os que vivem
segundo a Sua Palavra.
Oferto
a você, jovens da PJMP, a Palavra que tem norteado minha vida: “Eu estava com
fome e me destes de comer... Em verdade eu vos digo que todas as vezes que
fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25, 35a.40b).
Este
é o caminho do amor. Este é o caminha da Vida.
Deus
os abençoe!
Pe.
Nelson
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