AS NOITES JUNINAS

Recordei hoje as noites juninas da minha infância, quando dezenas de pequenas estrelas cruzavam os céus da minha São Paulo natal. Que saudades da inocência daqueles tempos em que os balões eram apenas alegria para os nossos olhos, não apenas os infantis, mas também para os cansados e senis! “Olha um balão! Batizei!”... e a criançada atenta olhava para os céus, tentando cada um ser o primeiro a anunciar uma nova pequena lâmpada de papel subindo às nuvens.
Penso no mundo de então, sofrido do pós-guerra, mas com uma bondade encontrando abrigo em muitos corações. As famílias se reuniam para a refeição à mesa; os filhos respeitavam os pais e os mais velhos; vizinhos trocavam entre si, por sobre o muro, os quitutes gostosos que faziam; as festas eram esperadas por todos ansiosamente; namorados namoravam, de mãos dadas, roubando beijos furtivos; crianças corriam livres pelas ruas; honestidade era um valor cultivado pela maioria; a Semente do Verbo germinava no peito do povo; a Luz do Senhor iluminava muitas vidas.
Aquelas inúmeras pequenas luzes flutuando pelos céus noturnos, creio que representavam todas as pessoas de boa vontade! Hoje, rareiam os balões cruzando os céus da cidade. Os verdadeiros cristãos também escassearam...
Senhor, que esta noite em que nos encontramos seja iluminada por incontáveis balões, mais numerosos que os grãos da areia da praia ou que as estrelas do céu, pois precisamos, meu Deus, da sua alegria e de esperança. Que eu também, Senhor, possa me elevar e brilhar perante o vosso povo, para que mais e mais pessoas possam louvar a Vós.

1.o de maio de 2006

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