A maioria dos países do mundo comemora, neste segundo domingo do mês de maio, o dia das mães. Num mundo marcado pelo consumismo, o dia das mães tornou-se uma data predominantemente comercial, que valoriza a compra de um presente, mas que pouco reflete sobre o sentido da maternidade e sua importância para a humanidade. Como cristãos que somos e no espírito do mês dedicado à Mãe de Jesus, dedicar um dia especial a todas as mães significa apresentar Maria como exemplo de maternidade a todas as mulheres.
Devemos lembrar que, na revelação de Deus ao seres humanos – revelação esta expressa no Antigo e no Novo Testamentos –, a figura da mulher-mãe perpassa toda a Sagrada Escritura, desde o início do livro do Gênesis, sendo que sua importância é realçada no quarto mandamento do Decálogo (Ex 20,12). No episódio da criação, Eva é designada como mãe de todos os viventes (cf. Gn 3,20). Na sociedade judaica, que tanto valoriza a descendência como cumprimento da promessa de Deus a Abraão e na qual a maternidade é vista como bênção, encontramos salmos que se referem à situação da mulher estéril que não chegou a se tornar mãe, e passagens como a de Sara, abençoada na velhice como o nascimento de Isaac. Também nos textos sapienciais, existem diversos conselhos relativos ao respeito e à gratidão devidas à mãe.
No Novo Testamento, a figura materna que predomina é a de Maria, Mãe de Jesus, entregue como mãe à humanidade representa pelo discípulo amado, aos pés da cruz: “Eis aí a tua mãe (Jo 19, 27,b). Em diversas ocasiões, Jesus fala da nova condição da mulher-mãe no Reino anunciado por Ele (“Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” – Jo 8, 21). Paulo, em suas cartas, fala da importância da criação dos filhos pela mãe, como testemunho de fé (1Tm 5, 10), e do cuidado com as mulheres idosas, que devem ser tratadas como mães (!Tm 5,2).
Mesmo valorizando a virgindade e a castidade como expressão de entrega incondicional a Deus, a Igreja jamais deixou de também valorizar a maternidade de suas filhas, apresentando na relação de seus santos diversos exemplos de mulheres que santificaram suas vidas passando pela experiência de ser mãe, a começar pela própria Maria, Mãe de Jesus: lembramos a figura de Santa Rita de Cássia (cuja memória acontece no próximo dia 22), que preferiu perder seus filhos a vê-los cometer um pecado mortal; de Santa Mônica, em constante oração pela conversão de seu filho Agostinho; e de Maria Beltrame Quattrocchi, beatificada junto com seu esposo Luís em outubro do ano passado, pelo Papa João Paulo II, que soube santificar sua vida na maternidade e no cotidiano da vida familiar e doméstica.
Documentos da Igreja constantemente tratam da maternidade, como função imprescindível na sociedade para a construção de um mundo melhor. Na carta de apoio ao “Congresso sobre a Família”, acontecida em outubro de 2001, João Paulo II falou sobre a missão da família cristã no mundo de hoje, dentro da qual a maternidade se realiza de forma mais plena: “É da família que depende o destino do homem, a sua felicidade, a capacidade de dar sentido à existência”. A Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, ao falar da família, trata da missão específica da mãe: “...mas é preciso assegurar também a assistência ao lar por parte da mãe, da qual os filhos, sobretudo os mais pequenos, têm tanta necessidade; sem descurar, aliás, a legítima promoção social da mulher”.
Na simbologia universal, a mãe é símbolo de toda raiz cósmica do ser humano: é a terra, a fonte, a origem que gesta, que ampara, que sustenta, que alimenta, que preenche todas as carências humanas. No símbolo da mãe figura-se todo desejo de paz e de tranqüilidade.
Por esta simbologia percebe-se que a figura de mãe vai além da condição da mulher, embora seja nela que a vida humana é gestada. Assim, não podemos esquecer, neste dia, de tantas pessoas que vivem intensamente a maternidade, sem jamais terem concebido um filho em seu ventre, doando seu amor e sua vida a tantos órfãos sociais, carentes de lar, de alimentação, de lazer, de carinho, de afeto. E de tantos pais, que, pelas condições mais diversas, se viram na necessidade de assumir também o papel de mãe para seus filhos e que o fazem de maneira exemplar e extraordinária.
Que a bênção de nosso Senhor Jesus Cristo e a proteção maternal de Maria desça sobre todas as pessoas que, independente de sexo, idade, instrução, condição social, raça ou qualquer outra classificação, exercem o papel de mãe, orientando seus filhos para o seguimento da mensagem evangélica a fim de construir o Reino de Deus entre nós.
DIA DAS MÃES
11/05/2002
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