DIA DO TRABALHO



A Igreja católica, em seus quase 2000 anos de história, sempre procurou iluminar a ação humana com a luz da fé, visando construir estruturas de justiça nas áreas social, econômica e política. Nos Padres da Igreja, nos grandes teólogos da Idade Média, na Doutrina Social da Igreja e na teologia mais recente, um dos pontos em comum é a preocupação social dos cristãos, que encontra sua base nas Sagradas Escrituras. Tanto o Antigo como o Novo Testamentos são claros ao afirmar que fazer justiça é agir em favor do pobre e do marginalizado. Quando se presta culto a Deus e não se vive a justiça com o irmão, está-se fabricando um deus segundo os moldes humanos, ou seja, é idolatria.
Na próxima quarta-feira, 1o de maio- Dia do Trabalho, a Igreja propõe a todos os católicos a celebração litúrgica da Festa de São José Operário. A data 1o de maio traz em sua história o massacre de operários em Chicago (EUA) em 1886, quando, diante da situação de injustiça a que eram submetidos, cerca de 340 mil trabalhadores se revoltaram, cruzaram os braços e exigiram mudanças radicais que garantissem seus direitos e condições dignas de trabalho. A polícia foi chamada para intervir na situação e, no confronto entre operários e policiais, seis trabalhadores morreram e cinqüenta ficaram gravemente feridos.
Em tempos antigos, a Igreja costumava cristianizar as festas pagãs adotando datas e cerimônias para lhes dar um sentido cristão novo. Inspirando-se nesta tradição, o Papa Pio XII, em 1955, instituiu a memória litúrgica de São José Operário no contexto do dia dos trabalhadores, já então universalmente celebrado a 1o de maio para recordar aquele massacre de Chicago e tornar sempre viva a luta do trabalhador pelos seus direitos e por justiça. No Evangelho, Jesus é chamado “o filho do carpinteiro” (Mt 13,55). Ao instituir a memória de São José Operário, Pio XII procurou destacar o que a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, expressaria mais tarde: a dignidade do trabalho humano como dever e aperfeiçoamento do homem, como exercício benéfico de seu domínio sobre o mundo criado, como serviço à comunidade, como prolongamento da obra do Criador e como contribuição ao plano da salvação (cf. GS 34).
Apesar da preocupação social estar presente em toda a sua história, somente no dia 15 de maio de 1891 é publicada a primeira encíclica social da Igreja – a Rerum Novarum – num contexto de reflexões e de urgência da questão social, sobretudo do operariado. Esta encíclica inaugurou oficial e sistematicamente o pensamento expresso pelo Magistério Papal sobre a organização da sociedade, que passou a ser chamado de Doutrina Social da Igreja (DSI). Embora em termos de doutrina fosse conservadora, na aplicação a Rerum Novarum foi revolucionária em sua postura a favor dos operários. A partir daí, muitos outros documentos da Igreja têm tratado da questão social e da construção e vivência de uma ética social de inspiração cristã, que gire em torno de valores como o princípio da dignidade da pessoa humana; a primazia do bom comum; a destinação universal dos bens; a primazia do trabalho sobre o capital; o princípio da solidariedade.
A Diocese de Nova Iguaçu, em sintonia com Igreja e com os anseios por justiça de todos os trabalhadores, programou para o próximo dia 1o de maio atividades nos 7 Regionais que a compõem:
Regional I: procissão às 17h00 na Igreja Matriz de São José Operário (Nova Mesquita), seguida por Missa Campal;
Regional II: caminhada e celebração eucarística às 8h00, na Igreja Matriz de Santo Antônio da Prata;
Regional III: concentração com culto ecumênico em Lages, às 8h30;
Regional IV: concentração na Comunidade São José Operário, às 8h00, com caminhada até a Matriz de Nossa Senhora Aparecida (Nilópolis), onde haverá Missa de Ação de Graças;
Regional V: celebrações e atividades em cada paróquia;
Regional VI: celebração em Cabuçu, às 8h00;
Regional VII: caminhada saindo às 8h30 da Paróquia N. Sra. de Lourdes, com celebração eucarística na Paróquia N. Sra. da Graças (Parque Flora).
Cada fiel de nossas comunidades é convidado a participar ativamente dos eventos em seus regionais, pois como membro da Igreja, tem o dever de cumpri a sua parte a fim de que a Igreja possa realizar a sua missão. Momentos como este programado pela Diocese de Nova Iguaçu é a oportunidade que o cristão tem de acompanhar e refletir as situações em que o ser humano s encontra, valorizar a sua dimensão social e política em sintonia com sua fé, e detectar os mecanismos que correspondem à proposta do Reino de Deus anunciado por Jesus Cristo.
Que nossa participação nas atividades diocesanas na Festa de São José Operário, no contexto do Dia do Trabalhador, nos torne verdadeiros instrumentos de evangelização e da justiça social tão querida pelo Criador.

27/04/2002

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