MÊS DA BÍBLIA


A Igreja Católica em todo o mundo celebra, desde 1947, no último domingo do mês de setembro, o “dia da Bíblia”. A escolha dessa data deve-se à proximidade com o dia 30 de setembro, quando se faz memória de São Jerônimo, doutor da Igreja do século IV, que se dedicou à tradução da Bíblia a partir dos textos originais e à revisão da antiga versão latina, trabalho que ficou conhecido como “Vulgata” e que a Igreja Latina adotou como versão oficial para o uso litúrgico. São Jerônimo dedicou anos de sua vida a esse trabalho de tradução pois acreditava que a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo, ou seja, quem não conhece a Bíblia não conhece Jesus.
O que nós, cristãos, chamamos de “Bíblia” não é um único livro, mas um conjunto de textos escritos entre os séculos IX a.C. e II d.C., em diversos locais e por diversos autores. Composto por 72 livros, 45 deles pertencem ao Antigo Testamento e 27, ao Novo Testamento. Os livros do Antigo Testamento foram quase todos escritos em hebraico, havendo ainda algumas expressões em aramaico e alguns poucos livros em grego, isso a partir do século IV a.C., quando a influência helênica fez-se presente na Palestina. Já os textos do Novo Testamento foram todos escritos em grego.
Dentre as diversas maneiras de Deus se comunicar conosco, uma das mais concretas e eficazes é a Sua Palavra que foi fixada por escrito. A Bíblia é a revelação de Deus aos homens de Seu projeto histórico-salvífico; mas é também um livro humano, talvez o mais humano de todos os livros já escritos, uma vez que manifesta o mais íntimo do coração do ser humano, expressando tanto as suas limitações quanto as suas grandezas. Percebe-se, na Bíblia que, à medida que Deus vai-se revelando, o ser humano vai-se conhecendo a si mesmo.
O Magistério da Igreja nos ensina que, embora diferentes entre si, Antigo e Novo Testamentos formam uma unidade: “Deus, inspirador e autor dos livros dos dois Testamentos, dispôs sabiamente que o Novo Testamento estivesse escondido no Antigo, e o Antigo se tornasse claro no Novo. Pois, apesar de Cristo ter alicerçado a Nova Aliança no seu sangue, os livros do Antigo Testamento, integralmente aceitos na pregação evangélica, adquirem e manifestam a sua significação completa no Novo Testamento, que por sua vez o iluminam e explicam” (DV 16).
No Brasil, por ocasião do 50.0 aniversário da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), em 1971, realizou-se pela primeira vez o “Mês da Bíblia” em setembro, por ser no final desse mês a comemoração do “Dia da Bíblia”. Logo esta comemoração atingiu âmbito nacional.
Com esta comemoração, a Igreja do Brasil pretende atingir alguns objetivos: 1) difundir a consciência de que a Bíblia deve ser inserida na vida do povo; 2) levar as famílias ao uso da Bíblia em seus lares, como fonte de luz em suas vidas e em seus problemas; 3) criar um Centro Bíblico que mantenha permanentemente diversas formas de apostolado bíblico.
Na Diocese de Nova Iguaçu, por exemplo, um dos meios mais eficazes encontrados para atingir esses objetivos é a realização, há três décadas, dos “Círculos Bíblicos”, que se reúnem semanalmente nas casas, núcleos ou comunidades para, vivendo comunitariamente a Palavra de Deus, espalhar sua experiência de fé, mesmo em meio aos problemas, lutas e desafios da vida e da história.
Esse trabalho em nossa Diocese tem permitido que a Palavra de Deus, anunciada, refletida e vivida no meio do povo e inspirada pelo Espírito Santo, apresente resultados muito positivos, repetindo-se muitas vezes a mesma experiência dos primeiros cristãos, uma vez que é o mesmo Espírito que permanece em nosso meio e nos anima.
Neste mês da Bíblia, de maneira particular, e em todos os dias de nossa vida somos convidados a conhecer melhor a Palavra de Deus presente na Bíblia Sagrada e a nos orientar por ela.
Encerrando este texto, repetimos as palavras que encerram as Sagradas Escrituras: “A graça do Senhor Jesus esteja com todos” (Ap 22,21).

31/08/2002

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