EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ



Neste sábado, 14 de setembro, a Igreja realiza a festa litúrgica da EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ. A festa de hoje tem origem no século IV quando, segundo a tradição, Santa Helena, a mãe do imperador Constantino, mandou procurar e encontrou a Cruz do Salvador no lugar do Calvário, onde, então, Constantino mandou construir uma Basílica, além de outra sobre o Santo Sepulcro, dedicadas no dia 14 de setembro de 335. A esta festa, então, chamou-se de Invenção da Santa Cruz.
Conta-se que a Vera Cruz foi roubada por Cósroa, rei dos persas, em 615, só sendo resgatada pelo imperador Heráclio catorze anos depois, em 629, quando este derrotou o persa e exigiu dele a entrega da preciosa relíquia, o que se deu em 3 de maio desse ano. Entrando em Jerusalém, Heráclio quis ele mesmo levar a Santa Cruz, com grande pompa, para repor na Basílica do Calvário. A história conta que o imperador caminhava coberto de ouro e pedrarias preciosas, com a Cruz do Senhor às costas, quando, às portas de Jerusalém, sentiu-se preso por uma força invisível que o impedia de prosseguir. O então bispo de Jerusalém, Zacarias, advertiu o imperador que, com aquelas vestes, estava longe de imitar a pobreza de Jesus e a humildade com que levou a Cruz. Heráclio, então, despojou-se de suas vestes riquíssimas, descalçou-se, cobriu-se com um manto ordinário e só assim pôde levar, sem dificuldade, a Santa Cruz ao Calvário.
Este segundo fato do século VII foi, aos poucos, tomando o lugar daquele acontecimento do século IV, e, por muitos séculos comemorou-se, no dia 3 de maio, a festa da Invenção da Santa Cruz e, no dia 14 de setembro, a festa da Exaltação. Com a reforma litúrgica, após o Concílio Vaticano II, as duas comemorações foram unidas, conservando o nome da festa de hoje.
Sejam estas histórias lendas ou fatos históricos, o importante no dia da festa da Exaltação da Santa Cruz é o seu sentido para nós, cristãos. A morte de Jesus na Cruz é sacrifício, mas é também triunfo. Na véspera de Sua Paixão, Jesus dissera: “Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim” (Jo 12,32). Portanto, como consta no Missal Romano, “a Cruz é o sinal do senhorio de Cristo sobre os que, no Batismo, são configurados a ele na morte e na glória (cf. Rm 6,5).
Para muitos de nós, a Cruz de Cristo significa apenas dor e sofrimento; porém, mais do que isso, a morte de Jesus na Cruz é um exemplo de coerência, do compromisso pleno de Jesus com a verdade e com o Reino de Deus levado às últimas conseqüências, ou seja, ao supremo sacrifício de si. Assim, desde o início da Igreja, a Paixão e morte de Jesus simboliza a morte do justo, que suporta o martírio para não trair a sua consciência e nem as exigências da verdade e da lei moral.
Assim, para nós cristãos, exaltar a Cruz de Cristo é exaltar a esperança de que todas as nossas dores, sofrimentos e injustiças podem ser transformadas em alegria, vitória e justiça se o que Jesus ensinou e pelo qual morreu, for vivido intensa e radicalmente por todos nós, em nossa vida cotidiana e em nossas comunidades. Mas essa vitória só será plena se cada cristão assumir o seu compromisso de batizado e concretizar em ações o que professa com sua boca.

14/09/2002

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