A SANTÍSSIMA TRINDADE
A
liturgia do domingo pós-Pentecostes nos propõe a Solenidade da Santíssima
Trindade. A sabedoria bimilenar da Igreja Católica insere esta Solenidade no
domingo seguinte a Pentecostes dentro de um espírito pedagógico, que corresponde
à própria revelação de Deus à humanidade, narrada nas Sagradas Escrituras. Deus
revelou-se único naquelas páginas bíblicas que chamamos de Antigo Testamento,
que é comum ao povo da primeira Aliança, ou seja, a Israel ou, como passou a
ser conhecido após o retorno do exílio na Babilônia, aos judeus.
Deus revela-se
a Moisés como o Deus dos antepassados dos hebreus: “Eu sou o Deus de teu pai, Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó”
(Ex 3,6b). Em seguida, Deus revela o Seu nome a Moisés: “E sou aquele que sou” (Ex 3,14b), nome esse que é uma afirmação
clara de que não existe outro Deus além Dele; outros podem estar sendo idolatrados como deus, mas um só é Deus, ou seja, “Eu
Sou” (Javé). Este Deus libertador do povo escolhido para ser o Seu povo e
testemunha perante o mundo de sua única divindade é o Deus que caminha com Seu
povo.
Com o Novo
Testamento, escritura dos cristãos, particularmente através dos Evangelhos
conhecemos a plenitude da revelação de Deus que é Jesus, cujo nome significa
“Javé salva”, nome esse que revela a missão de Jesus: salvar a humanidade e não
condená-la – “Pois Deus enviou o seu
Filho ao mundo não para julgar, mas, mas para que o mundo seja salvo por ele”
( Jo 3,17), afirmação presente no Evangelho desta Solenidade da Santíssima Trindade.
Jesus, o filho único de Deus (cf Jo 3,16.18 – afirmação também presente no
Evangelho desta Solenidade), vivendo radicalmente a Sua missão até a entrega da
própria vida, abre as portas da vida eterna, ou seja, da salvação, para toda a
humanidade. Paulo, na carta aos Filipenses, apresentando a quênosis de Jesus (o
seu esvaziamento, sua humilhação), nos exorta a vivermos como Jesus viveu,
deixando-nos “guiar
pelos mesmos propósitos e pelo mesmo amor, em harmonia buscando a unidade. Nada
façais por ambição ou vanglória, mas, com humildade, cada um considere os
outros como superiores a si e não cuide somente do que é seu, mas também do que
é dos outros. Nada façais por ambição ou vanglória, mas, com humildade, cada um
considere os outros como superiores a si Haja entre vós o mesmo sentir e pensar
que no Cristo Jesus. Ele, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual
a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante
ao ser humano. E encontrado em aspecto humano, humilhou-se, fazendo-se
obediente até a morte – e morte de cruz! Por isso, Deus o exaltou acima de tudo
e lhe deu o Nome que está acima de todo nome para que, em o Nome de Jesus, todo
joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua confesse: “Jesus
Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.” (Fl 2,2b-11). Jesus chama discípulos para darem
continuidade à Sua própria missão, antes de ascender aos céus, como celebramos
na Festa da Ascensão do Senhor, no domingo anterior a Pentecostes: “Os onze
discípulos voltaram à Galiléia, à montanha que Jesus lhes tinha indicado. Quando
o viram, prostraram-se; mas alguns tiveram dúvida. Jesus se aproximou deles e
disse: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazer
discípulos entre todas as nações, e batizai-as em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, ensinando-as a guardar tudo o que vos ordenei.“ (Mt 28,16-20a).
Ao final de Sua vida pública, Jesus revela e acentua a sua
unidade com o Pai – “Eu e o Pai somos um”
(Jo 10,30) e anuncia o “outro Paráclito”, que é o Espírito Santo – “Se
me amais, observareis os meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele vos dará
um outro Defensor, que ficará para sempre convosco: o Espírito da Verdade, que
o mundo não é capaz de receber, porque não o vê, nem o conhece. Vós o
conheceis, porque ele permanece junto de vós e está em vós” (Jo 14,15-17).
Sobre a ação do Espírito Santo, Jesus ainda afirma que Ele “vos fará recordar tudo o que eu vos disse”
(Jo 14, 26c). Esta promessa de Jesus, segundo a tradição lucana em Atos dos
Apóstolos, cumpre-se no dia de Pentecostes. Após a ascensão do Senhor, “os apóstolos
deixaram o monte das Oliveiras e voltaram para Jerusalém, à distância que se
pode andar num dia de sábado. Entraram na cidade e subiram para a sala de
cima onde costumavam ficar. Eram Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé,
Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão Zelota e Judas, filho de
Tiago. Todos
eles perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres – entre elas,
Maria, mãe de Jesus – e com os irmãos dele”. (At 1, 12-14). “Quando
chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo
lugar. De
repente, veio do céu um ruído como de um vento forte, que encheu toda a casa em
que se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se
repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a
falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia expressar-se”. (At 2, 1-4). A primeira conseqüência do
derramamento do Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos em Jerusalém é a
coragem para anunciar Jesus aos que se reuniram em frente ao local em que
estavam. Não havia mais medo neles e a linguagem que usam é compreendida por
todos os povos e línguas: é a linguagem do amor a partir da vida de Jesus que
lhes é anunciada. O Espírito Santo dá coragem aos discípulos, vivifica-os e
lhes recorda os ensinamentos de Jesus. Essa coragem que o Espírito Santo lhes
dá fará com que, assim como o Mestre, eles assumam a missão que fora de Jesus
até a doação da própria vida. A partir de Pentecostes a Igreja de fato nasce
com a missão de evangelizar, ou seja, anunciar Jesus e o Reino de Deus que ele
veio nos revelar até os confins da terra, segundo o último mandato de Jesus
antes da Ascensão, missão esta não apenas delegada a padres, diáconos e alguns
ministros, mas a todo o que se considera discípulo de Jesus, em suma, cristão.
A liturgia da Solenidade da Santíssima
Trindade nos apresenta uma das características ontológicas de Deus: a misericórdia.
“Deus é amor” (cf. 1Jo 4,8.16) e
Deus é misericordioso: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36) . A primeira
leitura, extraída do livro do Êxodo nos apresenta Moisés diante de Deus,
levando consigo outras duas tábuas de pedra (pois as primeiras, como Decálogo,
Moisés havia quebrado ante a infidelidade do seu povo que fundiu um bezerro de
outro, enquanto Moisés estava com Deus no monte Sinai por quarenta dias), e
gritando ao Senhor, recordando a Ele algumas das suas características
ontológicas: “Senhor! Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em
bondade e fiel”. (Ex 34,6c). A segunda leitura, da Segunda Carta de São Paulo
aos Coríntios, nos apresenta uma doxologia trinitária – “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito
Santo estejam com todos vós” (2Cor 13,13) – é antecedida pela exortação de
Paulo para que a comunidade viva a paz que vem de Deus: “Irmãos, alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos,
cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco.
Saudai-vos uns aos outros com o beijo santo”. (2Cor 13, 11-12).
Pai e Filho e Espírito Santo: este é o
nosso Deus Uno e Trino, grande mistério inconcebível à nossa razão, mas cuja fé
na Trindade indivisível somos convidados a abraçar. Não três deuses, mas um só
Deus, uma só natureza divina, porém três Pessoas divinas distintas e ao mesmo
tempo inseparáveis. Como compreender tão grande mistério. Assim como em relação
a tantos outros mistérios de fé que professamos, a exemplo do mistério
Eucarístico, em que Jesus
se faz presente real e verdadeiramente na hóstia consagrada, podemos recorrer
ao cântico eucarístico composto por Santo Tomás de Aquino: “Venha a fé por
suplemento os sentidos completar. Podemos contemplar o mistério de Deus até
onde a nossa limitada capacidade humana permite; a partir desse limite, apenas
a fé nos permite aceitar sua grandiosidade.
E aquilo que não conseguimos compreender,
o que não está ao alcance de nossa inteligência, somos, a exemplo de Maria,
convidados por Deus a guardar/meditar em nossos corações e mesmo assim viver em
nosso cotidiano.
Ainda
recorrendo a uma pedagogia para tentar compreender o nosso Deus Uno e Trino,
costumamos qualificar Deus Pai como o Criador, Deus Filho como Redentor e o
Espírito Santo como Vivificador ou Santificador. No entanto, as três Pessoas
divinas, existentes deste a eternidade anterior à existência deste mundo, são
inseparáveis e indivisíveis, portanto, como nos ensina a Teologia da Trindade,
Pai, Filho e Espírito Santo são Criadores, Redentores e Vivificadores. E só a
vivência diária por todos os seres humanos desse mistério trinitário
proporcionará aquilo que Deus sonha para a humanidade: um mundo de paz, de
harmonia, de solidariedade, de justiça, de misericórdia, em que o bem comum é o
ideal a ser almejado pela humanidade.
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, não no aspecto
físico, mas no ontológico. Tudo o que se refere a Deus a humanidade deve buscar
semelhança. A vida de cada ser humano deve ser uma constante busca de
assemelhamento a Deus. Deus é ontologicamente, como dissemos antes, Amor e só
quando vivermos radicalmente o mandamento do amor ensinado por Jesus – “Um dos
escribas, que tinha ouvido a discussão, percebeu que Jesus dera uma boa
resposta. Então aproximou-se dele e perguntou: ‘Qual é o primeiro de todos os
mandamentos?’ Jesus respondeu: ‘O primeiro é este: ‘Ouve, Israel! O
Senhor nosso Deus é um só. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com
toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força!’ E
o segundo mandamento é: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’! Não existe outro
mandamento maior do que estes.” (Mc 12, 28-31) – conseguiremos nos
assemelhar a Deus. É o verdadeiro amor, o amor chamado Ágape, um amor gratuito
e universal, que nos permite compreender palidamente o mistério celebrado hoje.
O verdadeiro amor não divide, não exclui, não é egoísta, não gera violência e
nem morte. O verdadeiro amor é aquele que sai de quem ama em direção ao outro.
O amor trinitário é tão intenso que não só uniu as três Pessoas divinas, como
extrapolou a própria divindade, criando o mundo que conhecemos. Nós somos
frutos do amor de Deus. Quando a humanidade compreender que só teremos paz e
justiça, não a partir de ideologias ou sistemas político-social-econômicos, mas
a partir da vivência generalizada desse amor-ágape, o que pedimos ao Senhor no
Pai-Nosso – “venha a nós o Vosso Reino e
seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu” (Mt 6,10) – se
concretizará e viveremos “novos céus e
nova terra” (cf. Is 65,17a; Ap. 21, 1).
Quando separamos as pessoas divinas em nossa fé e vivência
diária, criamos ideologias, religiões, sistemas e teologias que dividem e
separam a humanidade. Uma sociedade teocêntrica, mas não trinitária, mata e
gera violência em nome de um deus que não é o verdadeiro. Quem apregoa um Jesus
ou apenas glorioso ou apenas encarnado, desvinculado da Trindade, corre o risco
de esquecer-se da caridade para com o próximo ou perder o sentido da fé pela
falta da dimensão espiritual e mistérica dessa mesma fé. Vivendo-se apenas a
dimensão pentecostal, pode-se cair na tentação de, julgando estar ouvindo o
apelo do Espírito, seguir ao próprio ego.
Ou nos tornamos cristãos através da vivência da fé
trinitária ou não seremos cristãos; seremos qualquer coisa, mas não cristãos.
O último mandato de Jesus, como vimos anteriormente - “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na
terra. Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-as em nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a guardar tudo o que vos
ordenei.“ (Mt 28,16-20a). – faz-se
necessário e urgente no mundo de hoje, pois desta missão de todos os cristãos
depende a sobrevivência do Cristianismo. O diálogo interreligioso é fundamental
como meio de nos aproximar dos irmãos de outros credos, procurando o
denominador comum, ou seja, o que temos em comum. No entanto, a partir desse denominador
comum precisamos, para ser fiéis a Cristo, anunciar algo que é específico de nossa
fé e qualitativamente superior em relação às demais religiões: o amor, como nos
foi ensinado por Jesus: “Ouvistes que
foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Ora, eu vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por
aqueles que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que
está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a
chuva sobre justos e injustos. Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa
tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os
vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa?
Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai
celeste é perfeito” (Mt 5, 43-48). “Sede perfeitos”: verbo ser no
imperativo, ou seja, uma ordem a seguirmos significando, portanto, que não
somos perfeitos, mas devemos procurar sê-lo. “Deus é perfeito”: verbo ser no presente histórico, ou seja, significando
que a perfeição é uma característica permanente, ontológica de Deus. É o amor,
não a quem nos ama, mas a todos, de maneira especial aos inimigos, que nos
tornará cada vez mais semelhante a Deus. Este amor radical é que tornará
concreta a oração mais radical e revolucionária que a humanidade conheceu em
toda a sua história passada, presente e até futura: Pai Nosso – uma oração que nos ensina que somos todos filhos de Deus-Pai e,
consequentemente, irmãos entre nós e
não inimigos. Como nós, cristãos, ainda estamos longe desse ideal de Deus,
dessa perfeição no amor!
O amor segundo o coração de Deus é uma
conquista paulatina, lenta, porém crescente. Jesus nos ensina, segundo a
Sagrada Escritura, quatro degraus para a conquista, pelo discípulo, da
perfeição no amor: 1) amar o próximo como nós mesmos; 2) amar o próximo
como a Jesus; 3) amar o próximo como Jesus nos ama; 4) amar o próximo à maneira
do amor que une Jesus à Trindade.
Jesus, como
vimos anteriormente através do Evangelho de Marcos, ensinou o maior
mandamento; segundo a passagem paralela
em Mateus, lemos: “Ao saberem que ele
fechara a boca aos saduceus, os fariseus reuniram-se. E um deles, um legista,
perguntou-lhe para pôr Jesus à prova: ‘Mestre, qual é o grande mandamento da
Lei?’ Jesus declarou-lhe: ‘Amarás o
Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu
pensamento [Dt 6,5]. Eis o
grande, o primeiro mandamento. Um segundo é igualmente importante: Amarás o teu próximo como a ti mesmo
[Lv 19,18]. Desses dois mandamentos
dependem toda a Lei e os Profetas’”. (Mt
22,34-40)
A
partir do amor a Deus, amar o próximo como a nós mesmos. Eis o primeiro degrau da perfeição do discípulo.
Amar a nós não egoisticamente, mas zelar por nós que somos amadas imagens e
semelhanças de Deus. Conhecer-se nas virtudes e nas fraquezas, sabendo-se um
ser humano em processo e buscando o equilíbrio humano. Valorizar o lazer, a
formação, a cultura, os encontros, os relacionamentos humanos, as amizades. Ser
simples, natural; educar a imaginação; quem não é casto de mente não o será de
corpo. Pedir ao Espírito Santo para purificar a nossa mente. Quem não se ama,
quem não tem segurança de si, quem não se aceita, não consegue amar nem a Deus
nem ao próximo em plenitude.
Mais
tarde, Jesus ensinará mais a respeito do amor: “... todas as vezes que o fizestes a um destes mais pequenos, que são
meus irmãos, foi a mim que o fizestes” [Mt 25, 40b]; e “... cada vez que não o fizestes a um destes mais pequenos, a mim
também não o fizestes” [Mt 25, 45c]. Amar ao próximo como se ama Jesus. A
Carta de Tiago em diversas passagens nos ensina a concretizar a nossa fé em Jesus Cristo com
obras, pois fé sem obras é morta (cf. Tg 2,26). Ensina ainda que a religião
pura e sem mancha é atender os desprotegidos em suas necessidades (cf. Tg
1,27). O nosso amor a Jesus passa necessariamente pelo amor concreto ao outro
necessitado.
Ao
final da última ceia com seus discípulos, narrada pelo evangelista João, temos
mais um ensinamento de Jesus a respeito do amor e que aprofunda os outros dois
vistos acima: “Um mandamento novo eu vos
dou: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, vós também amai-vos uns aos
outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: no amor que tiverdes
uns para com os outros”. (Jo 13, 34-35). Amar como Jesus nos ama. O amor de
Jesus por nós, pelo próximo é que deve ser o nosso referencial. Este amor à
maneira de Jesus é fundamental para a nossa fé e para sermos verdadeiramente
discípulos de Jesus. Aprendendo sobre o amor de Jesus, vemos nas Sagradas
Escrituras que ele acolhe a todos, sem discriminação, se faz próximo dos
excluídos, dos pobres, dos enfermos, dos marginalizados. A suprema lei de
Jesus, e que deve ser da Igreja também, é a salvação das pessoas. Por isso
Jesus, no trecho que trata do amor aos inimigos, nos faz uma proposta
revolucionária, difícil de ser colocada em prática, mas imprescindível para sermos
verdadeiramente cristãos, sermos discípulos, pois amar os inimigos é próprio de
Jesus, é um ensinamento novíssimo que só existe no cristianismo, mas não, por
exemplo, nas outras duas grandes religiões monoteístas do mundo, o judaísmo e o
islamismo. Amar é dar a vida por todos, inclusive pelos inimigos. Daí sendo o
cristianismo um movimento revolucionário do amor, não se pode nivelá-lo com
outras religiões, embora o diálogo interreligioso, com dissemos, seja
necessário, inclusive para se viver o amor à maneira de Jesus.
Pouco
antes de sua prisão, Jesus, ainda no Cenáculo, no qual se deu a última ceia,
dirige uma longa oração a Deus Pai. Nessa oração, Jesus diz: “Eu não rogo somente por eles, rogo também
por aqueles que, graças à sua palavra, crêem em mim: que todos sejam um, como
tu, Pai, estás em mim e eu em ti; que também eles estejam em nós, a fim de que
o mundo creia que tu me enviaste. Quanto a mim, dei-lhes a glória que tu me
deste, para que sejam um como nós somos um, eu neles como tu em mim, para que
eles cheguem à unidade perfeita e, assim, o mundo possa conhecer que tu me
enviaste e os amaste como tu me amaste.” (Jo 17, 22-23). Amar à maneira do
amor que une Jesus ao Pai, que o une à Trindade. O seguimento de Jesus exige
que sejamos amor, pois só assim viveremos em unidade com os homens e com Deus,
seremos imagens de Deus no mundo e O transmitiremos às pessoas. Para sermos um
com Deus e com a humanidade faz-se necessária a renúncia de si mesmo, para
assumir o discipulado pleno de Jesus. Há a necessidade de realizarmos a nossa
quênosis pessoal, esvaziarmo-nos de nós mesmos e assumir o projeto de Deus como
projeto pessoal.
É
este percurso no amor que nos assemelhará a Deus Uno e Trino. A Solenidade da
Santíssima Trindade nos convida a contemplar tão grande mistério e, guardando-o
e orando em nossos corações, vivenciá-lo no dia-a-dia. Que o Espírito Santo
derramado sobre nós nos anime a viver os ensinamentos de Jesus, louvando com
nossos lábios e com nossas ações concretas a Deus Trindade.
Pe. Nelson Ricardo
Cândido dos Santos
10 de junho de 2017
Véspera da Solenidade
da Santíssima Trindade
Um comentário:
Como católica concordo que a Igreja e nós catolicos , devemos acolher e ajudar às pessoas que a
Nós recorrem. Procurar um Sacerdote para orientar esta pessoa que precisa de ajuda, pois é difícil muitas vezes , e o sofrimento deixa a pessoa depressão.
Espero que esta "carta", venha muito ajudar a nós catolicos.
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