Há
poucas semanas atrás, a Igreja Católica celebrou o Tríduo Pascal, fazendo
memória da Instituição da Eucaristia e do serviço, e da Paixão, Morte e
Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ainda na Segunda Semana da Páscoa,
precisamente no dia 30 de abril deste ano de 2019, um grupo de teólogos (faço
questão de mencioná-los com “t” minúsculo) e padres, encabeçado por um cardeal
(também com “c” minúsculo), divulgou uma carta aberta ao Colégio dos Bispos da
Igreja Católica acusando o papa Francisco de "heresia”, incitando que o
conjunto dos bispos católicos deve investigar Francisco pelo "delito
canônico da heresia" e que outros sacerdotes critiquem Francisco
publicamente.
Venho através desta Carta Aberta
posicionar-me totalmente contrário ao que a carta aberta do grupo de “teólogos”
prega e vindo em defesa do Papa Francisco. Sou um simples padre da periferia do
mundo, assim como o Papa Francisco, e talvez alguém possa dizer: “Quem é este
padre insignificante para ter a audácia de responder a um grupo tão proeminente
e culto?” Não vivo na “judeia eclesial”, mas na “galileia” da Igreja Católica.
Pode vir alguma coisa boa da América do Sul? – algum membro do deste “sinédrio
católico” pode perguntar. Um futuro discípulo de Jesus duvidou quando lhe
falaram a respeito de Jesus como sendo o Messias anunciado por Moisés: “Perguntou-lhe Natanael: Por ventura pode vir coisa
boa de Nazaré?” (Jo 1,46). Longe de me comparar ao Messias, sei apenas que “o
servo não é maior do que o seu Senhor” (Jo 13,16b) e, assim, se o próprio Jesus
de Nazaré, meu Mestre e Senhor, foi acusado de blasfêmia a ponto de os judeus
pegarem em pedras para apedrejá-lo (cf. Jo 10,31), o Papa Francisco segue os
passos de seu Mestre e Senhor. Cabe as mesmas perguntas ao “sinédrio católico”
que Jesus proferiu aos judeus: “Tenho-vos mostrado muitas obras de parte do meu
Pai. Por qual dessas obras quereis me apedrejar?” (Jo 10,32b).
O “sinédrio católico” aponta as
obras do Papa Francisco pelas quais acusam-no de heresia: “Os motivos,
dizem os signatários, é que o papa teria suavizado posições que, na opinião
deles, vão contra os mandamentos da igreja em diferentes assuntos: os
acusadores afirmam que Francisco não tem se oposto veementemente o bastante ao
aborto, tem dado sinais de abertura do Vaticano a homossexuais e divorciados, e
tem se aproximado de protestantes e muçulmanos. Em 2015, por exemplo, o papa
organizou uma conferência no Vaticano na qual tentou relaxar as regras que
impedem divorciados e pessoas em um segundo casamento de receber a Comunhão -
uma vez que a igreja considera o casamento indissolúvel e o novo casamento, um
adultério. Eles também citam casos em que o papa teria protegido ou sido
conivente com cardeais e bispos que, segundo a carta, estariam protegendo
abusadores sexuais ou até cometido abusos. Uma parte significativa da carta se
concentra em críticas a um documento papal do ano seguinte, o Amoris Laetitia (A Alegria do Amor, em
tradução livre), em que Francisco fala em tornar a igreja mais inclusiva e
menos disposta a julgamento de seus 1,3 bilhão de fiéis. No documento, o papa
pede uma igreja menos rígida e mais cheia de compaixão diante qualquer membro
"imperfeito", como os divorciados e os em segundos casamentos civis”.
Este “sinédrio
católico” diz que Francisco não tem se oposto veementemente o bastante ao
aborto. Entretanto, no dia 18 de junho de 2018 ele
disse que o aborto, em alguns casos, é o “nazismo com luvas brancas”. “Lutar
contra injustiça é tão importante quanto combater ao aborto”, afirmou o Papa no
dia 9 de abril de 2018, e no documento Galdete et exultate, Francisco critica
católicos que relativizam os
ensinamentos sociais da Igreja. A 29 de
setembro de 2013, o Papa discursou: “Entre estes seres frágeis, de
que a Igreja quer cuidar com predileção, estão também os nascituros, os mais inermes
e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder
fazer deles o que apetece, tirando-lhes
a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir. Muitas
vezes, para ridiculizar jocosamente a defesa que a
Igreja faz da vida dos nascituros, procura-se apresentar a sua posição como
ideológica, obscurantista e conservadora; e, no entanto, esta defesa da vida
nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano".
No dia 24 de novembro de 2013, o Santo Padre ressaltou
que “Infelizmente, objeto de descarte não são apenas os alimentos ou os bens
supérfluos, mas muitas vezes os próprios seres humanos, que acabam ‘descartados’ como se fossem ‘coisas
desnecessárias’. Por exemplo, causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão jamais
ver a luz, vítimas do aborto". E, aos membros do corpo diplomático,
a 13 de janeiro de 2014, o Papa afirmou:
“Nos dias de hoje, para a economia que se implantou no mundo, onde no centro se encontra o deus dinheiro e
não a pessoa humana, o resto é ordenado a isso, e o que não faz parte desta
ordem é descartado. Descartam-se os filhos que são a mais, que incomodam
ou que não é oportuno que nasçam… Os bispos
espanhóis falaram-me, recentemente, sobre o número de abortos, e eu fiquei
petrificado.”, espantou-se Francisco.
Talvez esse grupo ultraconservador deseje que a fogueira seja a pena imputada
aos que fazem realizam aborto. Cabe à Igreja, assim como fez Jesus de Nazaré,
anunciar a vontade de Deus e o Seu Reino. O anúncio está sendo feito, mas não
se pode obrigar ninguém a cumprir esse anúncio. Se nem Deus nos obriga a
segui-lo, mas, sim, nos convida, como podemos querer que as pessoas façam tudo
como a Igreja orienta? O mundo tem mais influência sobre a vida das pessoas do
que a igreja e a família. A misericórdia deve ser estendida ao abortado e a
quem abortou. Não será condenando ao inferno que ajudaremos na salvação de quem
abortou. Aquele pastor que tem “cheiro de ovelhas” sabe que, em muitos casos,
um aborto foi realizado sob intensa pressão e que muitas mães que abortaram
seus filhos ante uma determinada situação carregam para o resto da vida um peso
do qual, muitas vezes, nem o Sacramento da Reconciliação consegue aliviar. Minha
experiência pastoral me ensinou que confessando e orientando uma mãe que
abortou no passado, e acolhendo-a, podemos proporcionar uma experiência de
autoperdão e ainda transformar o seu pecado gravíssimo em bênção para outras
crianças que vivem no mundo sem o amor de uma mãe, sem família, sem estrutura
mínima para uma vida digna. Encaminhá-la para uma pastoral, como a Pastoral da
Família, ou para prestar serviço voluntário em orfanatos ou casas-lares de
crianças cujos pais perderam a guarda por violência, drogas ou miséria extrema,
dando a outras crianças o amor e tudo aquilo que daria ao seu filho não trará o
abortado de volta, mas sua morte não terá sido em vão, uma vez que abre a
pecadora ao amor ao próximo. Cabe à Igreja continuar a posicionar-se contrária
ao aborto, mas também ajudar a transformar vidas a partir de seus pecados,
reconciliando almas com o Deus da Vida.
Este grupo
neofarisaico que assinou a carta aberta contra o Papa Francisco critica a abertura do
Vaticano a homossexuais: outro ponto que mostra que os signatários estão
completamente distantes do povo e da misericórdia de Deus. Será que nunca
confessaram um jovem homossexual? A Igreja tem que acolher a todos, como fez
Jesus. Tem de pescar em sua rede os “cento e cinquenta e três peixes” (Jo
21,11), ou seja, todo tipo de peixe, pois nenhum ser humano está excluído da
Salvação operada por Jesus. Se a Igreja não o acolhe, quem orientará o
homossexual? Com certeza o mundo o fará, mas que orientação lhe dará? Lhe dará
a orientação voltada a si mesmo, ao egocentrismo, ao hedonismo, ao escândalo e
à promiscuidade. É o amor que a Igreja tem de anunciar ao todos e também aos
homossexuais. Que dor existe no jovem católico que se percebe homossexual! Não
é uma questão de opção, mas de orientação interior que foge à vontade desse
jovem. Lembro-me de um jovenzinho que certa vez veio-me procurar. Membro
efetivo e servidor da Igreja. Revelou-me ser homossexual. Contou-me que não
gostaria de ser, mas era algo mais forte do que sua vontade. Disse-me que
tentou namorar uma menina, mas, quando estava com ela, seus olhos voltavam-se,
sem o querer, para os meninos. Que imenso drama senti naquele rapazinho! O que
pude eu fazer a não ser acolhê-lo e orientá-lo para o amor, para o respeito ao
próximo e para não ser causa de escândalo para ninguém?! Pedi que continuasse
na Igreja, que fosse ouvinte e praticante da Palavra, pois fora dela com
certeza se perderia. E ensinei-lhe uma palavra da sagrada Escritura, extraída
do livro do Eclesiástico: “Assim com a água apago o fogo, a caridade apaga o
pecado” (Eclo 3,33). Acrescentando: se não podemos nos salvar pelas nossas
virtudes, ao menos nos salvemos pela caridade (cf. Mt 25, 31-46). O meu Mestre
me ensinou a acolher e orientar, e não condenar. Em relação à adúltera flagrada
em adultério e que levam a Jesus, como termina a história? “Ninguém te
condenou? Eu também não te condeno. Vá e não peques mais” (cf. Jo 8, 3-11).
Este “sinédrio católico” lembra-me o irmão mais velho da parábola do Pai
Misericordioso e do filho pródigo. De que adianta a esse filho que nunca ter
saído da casa do pai se ele exclui o seu irmão arrependido de sua família
(“este teu filho”, diz ao pai, e não “este meu irmão”) e se nega a entrar no
banquete oferecido pelo pai ao filho que voltara a viver? Se o filho mais velho
não entrar para a festa, que é a imagem da vida eterna, perderá essa verdadeira
vida. Só está excluído da salvação aquele que exclui. Que imenso exemplo de
discípulo de Cristo é o nosso papa Francisco, que não quer perder nenhum
daqueles que Jesus lhe confiou! (cf. Jo 6,39).
Os signatários da carta criticam,
ainda, o Papa Francisco por acolher os divorciados e os casais em segunda
união. Mais uma vez, uma atitude de Bom Pastor do Papa Francisco, o Papa da
Misericórdia de Deus, é incompreendida. Lembrar, em primeiro lugar que a
separação e divórcio não afastam ninguém, a
priori, da Eucaristia, a não ser que a pessoa seja a culpada pela separação
por falta grave e não tenha arrependimento. O Sacramento do Matrimônio é
indissolúvel, segundo as palavras de Jesus em Mateus: “O que Deus uniu o homem
não separe” (Mt 19,6). A partir dessa afirmação de Jesus, a Igreja pode abrir
um processo canônico para verificar se houve realmente essa união por Deus. As
condições em que o Matrimônio foi celebrado pode dar à Igreja, após longo,
cuidadoso, refletido e prudente processo, a certeza de que o Matrimônio celebrado
pode ser considerado nulo. Não se anula um Matrimônio, mas considera-se que sua
celebração foi nula, isto é, não constituiu Sacramento, mesmo tendo havido a
celebração, a bênção, a consumação e até mesmo a geração de filhos. E outras
palavras, esse casamento não existiu como Sacramento e, portanto, após a
declaração de nulidade expedida pelo Tribunal Eclesiástico local. Nesse mesmo
capítulo de Mateus, Jesus afirma, quando os fariseus o colocam à prova: “Eu vos
declaro que todo aquele que rejeitar sua mulher, exceto no caso de matrimônio
falso, e esposar uma outra, comete adultério. E aquele que esposar uma mulher
rejeitada comete também adultério.” (Mt 19,9). E sabemos que adultério é pecado
grave, que tira o pecador da comunhão plena com a Igreja e com Deus. “Exceto no
caso de matrimônio falso” abre a possibilidade de uma nulidade matrimonial, a
partir do ensinamento de Jesus. Algumas situações podem levar a Igreja a crer
que uma celebração não constituiu matrimônio válido, ou seja, que é nulo, ou,
em outras palavras, “que Deus não uniu”, pois faltaram condições para essa
união sacramental. Por exemplo, casamentos contraídos já na infidelidade de uma
ou de ambas as partes; engano de pessoa, ou seja, logo após o casamento um
cônjuge revela ao outro uma personalidade bem diferente de quando estavam
noivos; pressão interna ou interna e falta de liberdade para contrair o
matrimônio; ignorância ou imaturidade para viver as responsabilidades
matrimoniais; impedimentos chamados dirimentes e outras causas podem resultar
na nulidade do matrimônio. O que o Papa Francisco fez, em 2015, ao publicar a
Carta Apostólica em forma de “Motu Próprio” Mitis
Iudex Dominus Iesus, sobre a reforma do Processo Canônico para as causas de
declaração de nulidade do matrimônio no código de Direito Canônico, não foi
relaxar nenhuma regra, mas, como o próprio Jesus fez ante leis que em sua
origem favoreciam o ser humano e com o tempo se transformaram em meio de
opressão do povo, como o dia de sábado (cf. Ex 20,8-11), facilitar e
desburocratizar os processos de nulidade matrimonial, muito longo, com custo
altíssimo para a maioria da população. Somente uma Pastor com cheiro das
ovelhas compreende a dor do seu rebanho que passou por uma experiência
frustrada de casamento e, após a ruptura desse, encontra outra pessoa com quem
sente que vive a união tão querida por Deus. Nunca o Papa Francisco orientou
que o clero fosse laxista em relação às separações e segundas uniões. Ele
procurou facilitar o retorno à comunhão plena com a Igreja dos casais em segunda
união. Existe um processo canônico que tem de ser respeitado, pois se está
tratando de um Sacramento. Sentindo a misericórdia de Deus em seu coração, o
Santo Padre acolheu os casais em situação irregular para que, canonicamente,
voltem à comunhão plena com a igreja. Se a família, mesmo imperfeita, não for
acolhida e orientada, quem o fará, erroneamente, será o mundo.
Em relação à acusação de o Papa Francisco ter protegido ou
sido conivente com cardeais e bispos que, segundo a carta, estariam protegendo
abusadores sexuais ou até cometido abusos, antes mesmo desta carta do “sinédrio
católico” vir a público, Francisco discursou ao final da celebração eucarística
do Encontro “A proteção dos Menores na Igreja”, ocorrido entre os dias 21 e 24
de fevereiro de 2019, de onde destaco: 1) Reforçar e verificar as diretrizes das Conferências
Episcopais: ou
seja, reafirmar a necessidade da unidade dos Bispos na aplicação de parâmetros
que tenham valor de normas e não apenas de diretrizes. Normas, não somente
diretrizes. Nenhum abuso deve jamais ser encoberto (como era habitual no
passado) e subestimado, pois a cobertura dos abusos favorece a propagação do
mal e eleva o nível do escândalo. De modo particular, é preciso desenvolver um
novo enquadramento eficaz de prevenção em toda as instituições e ambientes das
atividades eclesiais; e 2) Faço um sentido apelo à luta total contra os abusos
de menores, tanto no campo sexual como noutros campos, por parte de todas as
autoridades e dos indivíduos, porque se trata de crimes abomináveis que devem
ser cancelados da face da terra: pedem isto mesmo as muitas vítimas escondidas
nas famílias e em vários setores das nossas sociedades. E alguns sinais
concretos foram apresentados pelo Santo Padre: 1) Expulsão
do ex-cardeal americano Theodore McCarrick, de 88 anos, acusado de abusos
sexuais. Decisão inédita do Vaticano; 2) Criação da Comissão Pontifícia para a
Proteção de Menores para escutar as vítimas e estabelecer diretrizes para o
enfrentamento e prevenção dos casos; 3) Publicação do Motu Proprio “Como uma mãe amorosa”, em que afirma a possibilidade
de expulsão de bispos por “negligência ou omissão” em casos de abuso; 4) Cúpula
sobre Abusos de Menores: com presidentes das Conferências Episcopais de todo o
mundo para analisar crimes sexuais do clero.
Finalmente, o Papa Francisco é
acusado de se aproximar de protestantes e muçulmanos. Recordo de um
padre polonês, Pe. Edward
Staniek, teólogo e ex-reitor do seminário de Cracóvia, que disse durante a sua homilia na Igreja das Irmãs Felicianas, em
Cracóvia, no dia 17 de março de 2018, na qual
criticou vários aspectos pastorais do Papa Francisco, como a aproximação e o
diálogo com os muçulmanos: “Rezo para que o Papa em sua sabedoria abra o seu
coração ao Espírito Santo, caso contrário, rezo pela sua pronta partida à casa
Pai”. Quem deveria abrir-se ao Espírito Santo é esse sacerdote egocêntrico e
preconceituoso, certamente mais um homem de espírito farisaico dentro da
Igreja, que, como tantos outros membros de clero e leigos, estão trabalhando
contra a unidade da Igreja. Jesus, falando sobre Satanás, afirmou que “se um
reino estiver dividido contra si mesmo não pode durar. Se uma casa está
dividida contra si mesma, tal casa não poderá permanecer” (Mc 3,24-25). Como a
Igreja será sinal do Reino de Deus se aqueles que deveriam trabalhar pela sua
unidade são os que estão a dividi-la? No mundo radicalmente egocêntrico em que
vivemos, cada qual deseja que a própria vontade e seus conceitos e preconceitos
prevaleçam. Caso tal não se dê, faz-se como esse triste padre polonês, pedindo
a morte daquele que não lhe faz a vontade, mesmo que esse seja o Vigário de
Cristo. Membros ultraconservadores da Igreja (e os ultraconservadores estão
presentes em toda a sociedade por todo o mundo; vide o resultado de tantas
eleições presidenciais pelo mundo) repetem as ações e julgamentos do sinédrio
judaico do tempo de Jesus, que não conseguem enxergar no Homem de Nazaré aquele
Messias anunciado nas Sagradas Escrituras, por estarem preocupados com seus
interesses e poderes pessoais. Toda a nossa fé deve estar centrada na pessoa de
Jesus de Nazaré e nos seus ensinamentos, que estão acima de qualquer outro
ensinamento, inclusive do Antigo Testamento, como nos é revelado pelo episódio
da Transfiguração do Senhor, quando Deus-Pai afirma, no monte santo, onde Jesus
está ao lado de Moisés e de Elias, imagens da Lei e da Profecia, “Eis o meu
Filho muito amado no qual eu ponho o meu agrado: ouvi-O” (cf. Mt 17,1-9; Mc
9,2-13; Lc 9,28-36). Grande parte da Igreja hoje ao invés de ouvir Jesus
atém-se a aspectos secundários, como se esses fossem essenciais à salvação:
língua, vestes, liturgia, cantos, funções... que se bem utilizados são uma
grande riqueza para a Igreja e para os fiéis, que não devem ser desprezados,
mas que nada representam se não anunciarem Cristo e o Amor. Grandes pecados são
condenáveis, mas somente a Caridade praticada em nome de Jesus em favor do mais
necessitado, nos salvará (cf. Mt 25,31-46). Uma teologia excludente é
condenável, como Jesus condenou o comportamento hipócrita dos fariseus. A
verdadeira Igreja de Cristo é inclusiva e misericordiosa e são estes aspectos
que trarão a paz à Igreja e ao mundo. Aspectos secundários só dividem. A
questão “filioque”, por exemplo, dividiu a Igreja há um milênio atrás.
Sinceramente, o que esta questão ajuda o povo de Deus em sua salvação? Não digo
para ser ignorada, mas levou à separação, à divisão. Questões litúrgicas
dividiram a Igreja pós-Conciliar. A beleza ou a tradição litúrgica que deveria
unir, dividiu. A liturgia da Palavra do quarto Domingo da Páscoa deste ano, o
chamado Domingo do Bom Pastor, é uma luz para o anúncio da Palavra de Deus para
toda a humanidade. Como anunciar aos que não conhecem Jesus ou estão em outras
Igrejas, sem nos aproximarmos, sem ir ao encontro deles? Jesus passou os anos
de sua vida pública caminhando, indo ao encontro principalmente dos pecadores e
excluídos. Enviou, incialmente, os 12 apóstolos, depois 72 e, finalmente, após
Sua Ressurreição e imediatamente antes de ascender aos céus deu esta ordem a
todos os Seus discípulos: “Ide, pois, ensinais a todas as nações; batizai-as em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que eu
vos prescrevi. (Mt 28, 19-20a). Voltando a reflexão ao quarto Domingo da Páscoa
deste ano C, a recusa à Palavra de Deus e a Jesus por parte dos judeus, abriu a
Salvação à universalidade dos gentios (At 13,14.43-52). O livro do Apocalipse nos apresentou a visão de
São João em que o hagiógrafo diz: “Eu, João, vi uma multidão imensa, que
ninguém podia contar,
de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9a), o que nos lembra o “Juízo Final” narrado em Mateus no capítulo 25: “Quando o Filho do homem voltar em sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se à no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.” (Mt 25,21-32). A passagem completa nos ensina que não seremos julgados apenas pelos nossos pecados, mas principalmente pela nossa falta de caridade” (cf. Mt 25,33-46). O curto Evangelho desse dia nos fala do Bom Pastor, que é o próprio Jesus: “As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.” (Jo 10,27). Se os signatários da carta, aos quais se juntaram mais 66 assinaturas, mas de ninguém com relevância dentro da Igreja, ouvissem a voz do Bom Pastor, o nosso Mestre Jesus, veriam nas ações do Papa Francisco um sinal encarnado da Misericórdia de Deus. Ele está sendo, no momento, como Vigário de Cristo, a imagem do Bom Pastor, que vai ao encontro das ovelhas perdidas, quem tem o cheiro das ovelhas, o que duvido que qualquer destes signatários saiba o que significa. É o Papa que proclamou o ano de 2016 o Ano da Misericórdia. O Papa que convocou toda a Igreja e os homens de mulheres de boa vontade a se unirem, a cada ano, no XXXIII Domingo do Tempo Comum, para celebrar concretamente o Dia Mundial do Pobre, a partir de 2017.
de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7,9a), o que nos lembra o “Juízo Final” narrado em Mateus no capítulo 25: “Quando o Filho do homem voltar em sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se à no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.” (Mt 25,21-32). A passagem completa nos ensina que não seremos julgados apenas pelos nossos pecados, mas principalmente pela nossa falta de caridade” (cf. Mt 25,33-46). O curto Evangelho desse dia nos fala do Bom Pastor, que é o próprio Jesus: “As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.” (Jo 10,27). Se os signatários da carta, aos quais se juntaram mais 66 assinaturas, mas de ninguém com relevância dentro da Igreja, ouvissem a voz do Bom Pastor, o nosso Mestre Jesus, veriam nas ações do Papa Francisco um sinal encarnado da Misericórdia de Deus. Ele está sendo, no momento, como Vigário de Cristo, a imagem do Bom Pastor, que vai ao encontro das ovelhas perdidas, quem tem o cheiro das ovelhas, o que duvido que qualquer destes signatários saiba o que significa. É o Papa que proclamou o ano de 2016 o Ano da Misericórdia. O Papa que convocou toda a Igreja e os homens de mulheres de boa vontade a se unirem, a cada ano, no XXXIII Domingo do Tempo Comum, para celebrar concretamente o Dia Mundial do Pobre, a partir de 2017.
Estas são as “heresias”
atribuídas ao Papa Francisco por este “sinédrio” néscio, que, assim como o Sumo
Pontífice atual é, para o mundo, a imagem da Misericórdia de Deus, é sinal da
impiedade e estultícia que um dia matou Jesus e que ainda continua a crucificar
os verdadeiros discípulos de Jesus, como é o caso do Papa Francisco. “Saulo,
Saulo, por que me persegues? (At 9,4b); essa acusação de heresia feita ao Papa
Francisco é acusação ao próprio Jesus. “Tenho-vos mostrado muitas coisas boas
de parte de meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais?” (Jo10,32b).
O “sinédrio” atual acusa o
Papa Francisco de “heresia”; no entanto, ao posicionarem-se contra o Sucessor
de Pedro, colocam-se fora da comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana,
ou seja, estão-se excomungando. No coração de bom pastor do Papa Francisco, com
certeza brota a mesma oração que brotou do coração de Jesus crucificado: “Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34b).
Que possamos rezar hoje e
sempre pelo nosso amado Papa Francisco, por seus detratores e pela unidade da
Igreja: “À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as
nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os
perigos, ó virgem gloriosa e bendita. Amém.” E: “São Miguel Arcanjo,
defendei-nos no combate, sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do
demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, príncipe da milícia
celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno a satanás e a todos os
espíritos malignos, que andam pelo mundo para perder as almas. Amém”.
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