OS SACRAMENTAIS NA VIDA DA IGREJA E DOS FIÉIS

    O Catecismo da Igreja Católica ensina-nos que "Além da liturgia sacramental e dos sacramentos, a catequese tem de levar em conta as formas de piedade dos fiéis e da religiosidade popular. O senso religioso do povo cristão encontrou, em todos as épocas, sua expressão em formas diversas de piedade que circundam a vida sacramental da Igreja, como a veneração de relíquias, visitas a santuários, peregrinações, procissões, via-sacra, danças religiosas, o rosário, as medalhas, etc..." (CIC 1674).

    A Igreja católica distingue dois significados para a palavra "devoção":

1. O sentimento religioso;

2. Os exercícios de piedade.

    O documento de Puebla, no parágrafo 448, ao referir-se à piedade popular, repete as palavras do papa São João Paulo II: "A religiosidade do povo, em seu núcleo, é um acervo de valores que responde com sabedoria cristã às grandews incógnitas da existência. A sapiência popular católica tem uma capacidade de síntese vital; engloba criadoramente o divino e o humano, Cristo e Maria, espírito e corpo, comunhão e instituição, pessoa e comunidade, fé e pátria, inteligência e afeto.  Esta sabedoria é um humanismo crsitão que afirma radicalmente a dignidade de toda pessoa humana como Filho de Deus, estabelece uma fraternidade fundamental, ensina a encontrar a natureza e a compreender o trabalho e proporciona razões para a alegria e o humor, mesmo em meio de uma vida muito dura. Essa sabedoria é também para o povo um princípio de discernimento, um instinto evagélico pelo qual capta espontaneamente quando se serve na Igreja ao Evangelho e quando ele é esvaziado e asfixiado com outros interesses!"

    Porém, o mesmo catecismo já citado nos alerta nos parágrafos 1675 e 1676: “Estas expressões prolongam a vida litúrgica da Igreja, mas não a substituem: ‘Considerando-se os tempos litúrgicos, estes exercícios devem ser organizados de tal maneira que condigam com a sagrada liturgia, dela de alguma forma derivem, para ela encaminhem o povo, pois que ela, por sua natureza, em muito os supera. Há necessidade de um discernimento pastoral para sustentar e apoiar a religiosidade popular e, se for o caso, para purificar e retificar o sentido religioso que embasa essas devoções e para fazê-las progredir no conhecimento do mistério de Cristo. Sua prática está sujeita ao cuidado e julgamento dos bispos e às normas gerais da Igreja”. 

Lembramos que a Congregação para ou Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou no início deste terceiro milênio um Diretório sobre a Piedade Popular e Liturgia - Princípios e Orientações (Ed. Paulinas - Coleção documentos da Igreja 12). 

A minha experiência pastoral de mais de 20 anos, tem ensinado que os Sacramentais falam ao coração do povo simples mais do que os Sacramentos. Há sempre uma necessidade de catequizar a respeito de ambos, ensinando ao povo que os Sacramentais prolongam a vida litúrgica da Igreja, mas não a substituem.   

Neste texto, quero compartilhar algumas experiências com os Sacramentais e a graça que deles emergem.


A primeira recordação remete ao dia 13 de junho de 2001, dia de Santo Antônio, na Catedral de Nova Iguaçu (RJ). Após uma das diversas missas celebradas em honra ao Padroeiro da Catedral, estando eu, ainda seminarista recém chegado àquela igreja, usando túnica, uma senhora que eu ainda não conhecia, Niedja, aproximou-se de mim e perguntou: “Você pode me ouvir?”. Achando que ela me confundira com um padre, eu lhe respondi e era seminarista. Ela disse-me: ”Mas você pode me ouvir?” E eu lhe dei a atenção que me pedia. Ela me disse que 7 anos antes havia tido câncer, mas fizeram o tratamento ficara curada. Agora, a doença havia voltado e ela estava com metástase pelo corpo. Vi, então, em sua testa, um humor. Disse-me, a seguir, que não suportaria fazer novamente o tratamento, perder os cabelos, sentir-se mal com a radioterapia e as medicações. Respondendo que sim à minha indagação se tinha fé, subi até meu quarto, peguei uma pílula do frei Galvão e levei até ela com um pouco de água para ajudar a engolir. Com dificuldade, devido à multidão que lotava a Catedral, conseguimos chegar até o Sacrário e nos ajoelhamos. Fiz uma breve oração e dei-lhe a pílula do frei Galvão e a água. Nos meses seguintes, ela foi internada 3 vezes para exames, pois os médicos diziam não ser possível ela estar curada.  

Durante anos, sempre no dia 13 de junho, ao encontrar-me na Catedral, ela se aproximava de mim, perguntando-me eu me lembrava que dia era aquele. Claro que isso eu nunca esqueci, pois foi um verdadeiro milagre alcançado através de um Sacramental. 


    A segunda recordação foi de outro milagre graças a pílula do frei Galvão, no mesmo ano de 2001, mas não me recordo a data. Uma querida amiga, Fernanda, revelou-me detalhes deste milagre enquanto eu estava no hospital, em 2021, recuperando-me da Covid-19 que quase levou-me à morte. Eu ficara exatos 40 dias entubado e em coma, a cada dia tendo meu estado agravado. Já se discutia – um dos meus irmãos, Celso, e o Pe. Paulo - onde eu seria sepultado: em São Paulo, junto a meus familiares, ou aqui em Nova Iguaçu, junto aos padres. Fui internado no Domingo de Ramos, entubado no início da madrugada de Quinta para a Sexta-feira Santa – na mesma madrugada da Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras – passando uma Quaresma inteira em coma, até começar a me recuperar milagrosamente no dia 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima, a quem me consagrei e à minha vocação no dia 13 de maio de 1999, no Santuário de Fátima, no Santuário de Fátima, no Santuário de Fátima, quando fiz uma viagem a Londres e a Portugal, antes de ingressar no Seminário São Paulo VI, desta Diocese. Quando a Fernanda perguntou-me, à cabeceira de minha cama no hospital, se eu sabia quando eu começara a melhorar, eu disse que não, mesmo porque eu ainda tinha muita confusão mental devido ao coma, às infecções hospitalares graves que eu tive, à hemodiálise pela qual eu tivera de passar, uma vez que meu rim havia parado de funcionar, e à pressão arterial que subiu assustadoramente e fora difícil de baixar. Quando ela me contou que fora no dia 13 de maio, eu fiquei tão emocionado que comecei a chorar tão intensamente, que uma enfermeira ouvir a e foi ao meu quarto saber se eu estava passando mal. Só consegui dizer “emoção”. Quando um eu controlei um pouco o choro, disse à Fernanda que, tendo recebido a graça da vida, contra toda a humana esperança, eu precisava ser um padre melhor. Ela falou-me: “Melhor? Mas você é um ótimo padre”. E começou a me contar o que havia acontecido com vários de seus após eu visitá-los ou orar sobre eles. Confesso que não me lembrei de nada, apenas de um tio que estava internado no INCA da Praça da cruz Vermelha, no centro do Rio de Janeiro. Lembrei-me de que, vinte anos atrás, ela me perguntou se eu podia levar a pílula do Frei Galvão para o seu tio que estava com câncer e desenganado, pois ela tinha muita confiança que este Sacramental o ajudaria. Usando a Kombi da Catedral, coloquei algumas pessoas da catequese crismal dentro e fomos para o rio de janeiro. Chegando ao INCA, soubemos que o tio da Fernanda estava no CTI, entubado. Ninguém teve autorização para subir, apenas eu, com tempo limitado a 5 minutos. No CTI, indicaram-me o leito e eu me aproximei do enfermo, tocando-lhe levemente, ao que ele abriu os olhos. Era um senhor idoso. Estava entubado. Apresentei-me como o seminarista Nelson, amigo da sobrinha Fernanda, dizendo-lhe ainda que eu estava trazendo a graça de Deus para ele. Por estar entubado, não podia engolir nada. Eu então coloquei a pílula no canto de sua boca. Naquele momento, uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Fiz uma breve oração e retirei-me. O prognóstico era de que ele morreria na semana seguinte. No entanto, também contra toda esperança humana, ele levantou-se no dia seguinte e viveu mais oito anos. 


    Estes dois primeiros sinais narrados acima tiveram uma razão para acontecer. Tenho a consciência de que nem todos que usarem este Sacramental ficarão curados. Na Catedral havia uma determinada situação anterior à minha chegada. Certa vez, em que eu palestrava para a turma de Crisma, eu falei em milagres. A Antônia, coordenadora da catequese crismal interrompeu-me e disse que milagre não existia. Eu fiquei admirado com aquela fala e ela então me disse que um determinado Diácono Permanente havia dado uma palestra a esta turma e disse exatamente isso, que milagres não existem e que os milagres narrados nos Evangelhos eram imagens, metáforas para indicar outras realidades. Recordo-me de dizer que lamentava muito ouvir isso, que teria partido de um Diácono e que se ele pensava assim era por não estar junto ao povo, pois quem o fdaz, sempre presenciará milagres. Creio ser por isso que esses milagres aconteceram, um, na Catedral, outro, com um membro daquele grupo.   


    Em maio de 2003, recém ordenado presbítero, fui à paróquia ao lado da que eu servia para assistir ao Matrimônio de um casal jovem, cujos pais eu conhecera no Seminário São Paulo VI. Durante anos, o casal tentou ter filhos e não conseguiu. Foi quando as famílias me procuraram para eu dar à jovem esposa a pílula do Frei Galvão e orasse sobre ela. Meses depois, nasceu seu primeiro filho do casal. Se não me engano, tiveram mais tarde uma menina. Em outubro de 2021, logo após eu retornar às atividades da paróquia a que sirvo hoje, após 6 meses afastado por conta da Covid, a família do marido do caso narrado acima procurou-me, pois a nora, casada com o filho mais novo há 11 anos, também não conseguia engravidar. Como ela servia na marinha e estava embarcada, era-lhe difícil vir até mim. Embora eu estivesse ainda muito fraco e me recuperando da Covid, recebi os pais do marido deste caso, assim como o casal que eu assistira ao casamento há anos e a irmã da sogra, e entreguei à família uma pílula do Frei Galvão abençoada. Há três dias, recebi a seguinte mensagem através do Messenger: 

    

    “Bom dia querido Pe. Nelson! A paz de Jesus e o amor de Maria. Hoje venho dar a boa notícia: minha nora Sheila e o meu filho Renato serão pais da Milena. Ela está grávida de 3 meses. Graças a Deus e às suas orações, quando nos entregou a pílula do Frei Galvão. Nós fizemos as orações como o senhor mandou que fizéssemos. Venho agora dar o lindo testemunho da Graça alcançada. Deus seja louvado. Agradeço e louvo a Deus por sua vida e o seu sacerdócio. Peço ao senhor sua bênção para eles. Foram 11 anos de espera. Deus ouviu nossas orações. Amém” 


    Há dois dias, após a missa semanal de São José, às quartas-feiras, uma senhora bem ativa em nossa comunidade Matriz, a Luzinete, veio à Sacrista agradecer-me. Eu perguntei pelo quê? Ela respondeu-me: “Pela bênção das carteiras de trabalho e curriculos dadas na missa do dia do Trabalho e do Trabalhador”. Ela contou-me que o filho estava desempregado há dois anos e, após a missa do domingo passado, ele foi chamado na terça-feira e está empregado. 

             

    Se eu fosse contar tantas graças alcançadas através dos Sacramentais, este testemunho seria extremamente longo. Mas deixo aqui estes testemunhos. E se você acredita neste meu testemunho, compartilhe-o para   que mais pessoas recebam as graças que Deus, na Sua Igreja católica, quer conceder a seus filhos e filhas. 


    E lembro que, se você não acredita em milagres, eu sou a testemunha viva que milagres existem e eu sou um milagre de Deus, pois estive no vale da morte e retornei à vida, contra toda esperança humana! 

 


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