PORQUE AMO E VENERO A VIRGEM MARIA

 Apenas o fato extraordinário de Maria ser escolhida para ser a Mãe de Jesus Cristo seria razão mais do que o suficiente para amar e venerar aquela a quem chamamos carinhosamente de Nossa Senhora, pela sua relação única com Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Este fato – a Maternidade de Maria – faz dela uma pessoa também venerada pelos Islâmicos. O que nos fala o Alcorão, a Sagrada Escritura dos islâmicos? David Munir, da Comunidade Islâmica de Lisboa, em um documentário do Canal História (History Channel) de Portugal, em 2017, realizado por ocasião do primeiro centenário da Aparições de Fátima, com o título de “As Faces de Fátima”, assim se expressou: “Maria, Mãe de Jesus, é mencionada variadíssimas vezes no livro sagrado dos muçulmanos, que é o Alcorão. No terceiro capítulo, Deus diz sobre Maria: foi aquela mulher escolhida, casta, pura, escolhida entre as mulheres do Universo… Não há nenhum outro versículo no Alcorão em que outra pessoa esteja colocada no mesmo patamar. Não lhe damos divindade, não a consideramos mãe de Deus, mas sim, sempre, como mãe de Jesus. E se um muçulmano não aceitar Maria como casta, digna, e se não aceitar o nascimento milagroso de Jesus, deixou de ser muçulmano”. 

Cabe aqui um comentário: o dogma proclamado no III Concílio Ecumênico, o de Éfeso, no ano 431, declara a Maternidade Divina de Maria, ou seja, que Maria é Mãe de Deus. Se a centralidade do dogma for em Maria, soa profundamente estranho. Mas este primeiro dogma mariano não está centrado em Maria e sim em seu filho Jesus. Havia heresias que afirmavam, entre outros aspectos de Jesus, que Ele não era Deus. Assim, quando o Concílio de Éfeso proclama Maria Mãe de Deus (Teotokos) o faz para afirmar que Jesus é Deus. Maria não é Mãe da Trindade, mas Mãe de Jesus, que é Deus com o Pai e o Espírito Santo. É a mãe do Filho encarnado. 

Mas há muitas outras razões para amar a Virgem Maria.  

O verdadeiro cristão e evangélico coloca as Palavras dos Evangelhos acima de todas as demais Palavras presentes da Sagrada Escritura, seja do Novo ou do Antigo Testamento.

 

MARIA ENCONTROU GRAÇA DIANTE DE DEUS: “No sexto mês (da gravidez de João Batista por Isabel, esposa de Zacarias), o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma jovem, prometida em casamento a um homem chamado José, da família de David; e essa jovem se chamava Maria. O Anjo veio à presença dela e lhe disse: ‘Alegra-te, ó tu que tens o favor de Deus, o Senhor está contigo’”. (Lucas 1,26-28). Como não amar e respeitar e venerar aquela que encontrou graça diante de Deus? Ignorar isto é ignorar o próprio Deus e a Sua Palavra! 


MARIA É A SERVA OBEDIENTE A DEUS: “Maria disse então (após o anúncio de sua gravidez virginal e da gravidez de Isabel, idosa e estéril, pois para Deus nada é impossível): ‘Eu sou a serva do Senhor. Aconteça-me segundo a tua palavra’” (Lucas 1,38). Esclarecida pelo Anjo, Maria acolhe a missão que lhe foi por graça confiada por Deus. Não dá apenas o seu sim, mas faz-se serva do Senhor e como serva fiel é-Lhe obediente. É um exemplo de cristão, servidor e obediente, que assume em sua vida a vontade de Deus e não a própria. 


MARIA É BEM-AVENTURADA E A MÃE DO SENHOR: “Maria partiu às pressas, rumo à região montanhosa, para uma cidade de Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou em seu seio e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Ela deu um grande grito e disse: ‘Tu és bendita mais do que todas as mulheres; bendito é também o furto de teu ventre! Como me é dado que venha a mim a mãe do meu Senhor? Pois quando a tua saudação ressoou aos meus ouvidos, eis que a criança saltou de alegria em meu seio. Bendita aquela que creu: o que lhe foi dito da parte do Senhor se cumprirá!” (Lucas 1,39-45)”. Quem revela a Isabel que Maria está grávida é o Espírito Santo. É o Espírito Santo que, por duas vezes, coloca na boca de Isabel que Maria é bendita. Revela ainda que Maria é a Mãe do Senhor. E que o filho que Maria traz no ventre também é bendito. Se o próprio Espírito Santo revela isso, como não aceitar Maria como bem-aventurada e somente a Jesus? Negar a sua bem-aventurança também é negar a revelação do Espírito quanto ao filho que ela carrega em seu seio. 

MARIA É BEM-AVENTURADA, HUMILDE SERVA E DEVE SER VENERADA POR TODAS AS GERAÇÕES: Exultando no Senhor, Maria exclama que Deus “pôs os olhos sobre a sua humilde serva. Sim, doravante, todas as gerações me proclamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez por mim grandes coisas: santo é o seu Nome” (Lucas, 1,48-49). Como ser um cristão e chamar-se evangélico e não proclamar Maria como bem-aventurada, se esta palavra profética encontra-se na Sagrada Escritura? Não é um verdadeiro cristão aquele que exclui Maria de sua fé em Cristo, pois ignora o Evangelho que tal proclama!

 

MARIA É BEM-AVENTURADA POR SER A MÃE DE JESUS: Certa vez em que Jesus estava pregando, uma mulher gritou do meio da multidão, dirigindo-se a Ele: “Bem-aventurada aquela que te trouxe no seio e te amamentou” (Lucas 11,27-28). Jesus respondeu que bem-aventurados, antes, são os que ouvem a palavra de Deus e a observam. No capítulo 8, versículo 21, do mesmo Evangelho de Lucas, quando a família de Jesus não consegue de aproximar dEle devido à multidão que O cerca e anunciam-Lhe que a mãe e os irmãos querem vê-lo, Jesus respondeu que Sua mãe e Seus irmãos são os que ouvem a palavra de Deus e a põe em prática. Ao contrário do que alguns cristãos entendem – que há na fala de Jesus uma crítica à Sua mãe e irmãos –, o que Jesus apresenta é um ensinamento: maior que a relação carnal é a escuta da Palavra de Deus e a sua prática. Por tudo o que Lucas já narrou anteriormente a respeito de Maria, ela não está sendo excluída, mas vive a a Palavra de Deus, como demonstra o seu fiat , o seu “sim” (Lc 1,38), o ser uma crente (Lc 1,45) e a sua acolhida e meditação no coração de tudo o que se referia a seu Filho (Lc 2,19). Assim, por guardar e praticar a Palavra de Deus e ser a Mãe de Jesus, Maria é duplamente Bem-Aventurada.  


MARIA É INTERCESSORA JUNTO A JESUS: na Boda de Caná da Galiléia, Maria percebe antes de qualquer pessoa da festa, sejam os trabalhadores ou os convidados, que o vinho acabou. Dirige-se a Jesus e intercede pela situação, mesmo que ainda não tenha chegado a “hora” de seu Filho manifestar a sua glória ao mundo. Ela dirige-se aos que serviam e dá-lhes uma ordem: “Fazei tudo o que ele vos disser” (João 2,5). Os que serviam obedeceram as ordens de Jesus e a água das talhas foi transformada em vinho da melhor qualidade. Acredito firmemente em meu coração que todo devoto de Maria é um cristão melhor, pois a orientação de Nossa Senhora (“Fazei tudo o que Ele vos disser”) continua a ecoar por todos os séculos e quem lhe dá ouvidos dá ouvidos a Jesus.  


MARIA É MÃE DE TODO DISCÍPULO AMADO POR JESUS: Já na cruz, pouco antes de morrer, Jesus vê a sua mãe e ao lado dela o discípulo amado, João (Jo 21,24), diz a ela: “Mulher, eis aí o teu filho”, a seguir diz a João: “Eis a tua mãe” e desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa (Lucas 19, 26-27). Assim, todo o que se faz discípulo de Jesus deve acolher Maria em sua casa, em sua vida, e deve tê-la por Mãe. Quem a excluí, quem não a acolhe em sua casa e coração, não é um verdadeiro cristão, pois recusa uma das últimas palavras de Jesus antes de sua morte.  


MARIA É MÃE DA IGREJA: Após a Ressurreição e Ascensão de Jesus, os apóstolos e algumas mulheres, entre elas a mãe de Jesus, permaneceram no “andar de cima” em uma casa em Jerusalém, assíduos à oração, aguardando o cumprimento da promessa de Jesus de que viria sobre eles o Espírito Santo. Maria sabia do poder do Espírito, pois o experimentara na concepção virginal de Jesus. Ela nunca abandonou seu Filho e está presente junto aos seus novos filhos no momento do Pentecostes (Atos dos Apóstolos 1, 13-14). A Mãe de Jesus torna-se a Mãe da Igreja que está nascendo. Aquela que gestou seu Filho no ventre gesta no Seu coração e no dos apóstolos a Igreja nascente. 


Eu poderia narrar inúmeras razões para amar e venerar a Virgem Maria, ainda mais que a minha vocação presbiteral creio ser uma graça alcançada através dela em Mediugórie. Mas, sem contar minhas experiências de fé, os textos bíblicos acima são mais do que suficientes para amá-la e venerá-la. Cristão que não a ama e nem a venera não pode ser considerado cristão.  


Pe. Nelson Ricardo Cândido dos Santos – maio/junho de 2020 

 

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