EXISTEM ANJOS?


A festa de São Miguel, São Gabriel e São Rafael Arcanjos, que a Igreja celebra nesta sexta-feira, dia 29 de setembro, coloca para muitos católicos uma questão: existem anjos?
Segundo a doutrina católica, os anjos existem e a Bíblia dá testemunho de sua existência em inúmeras passagens. Na Sagrada Escritura, os anjos aparecem como seres enviados por Deus aos homens para levar uma mensagem, mostrar um sinal ou atuar representando-O. A palavra “anjo” tem origem hebraica (“mal’ak”), tendo sido, na Bíblia dos LXX, traduzida para o grego “ângelos” (angelos), cujo significado é “mensageiro”.
Existe uma ciência teológica, muito difundida a partir da Idade Média, que estuda os anjos: é a angelologia. Pode-se dizer que os anjos são seres espirituais supraterrestres, criados por Deus para determinadas funções, ligando o mundo invisível ao visível. Para Santo Agostinho, “os anjos estão a serviço de Deus e, por determinação deste, também a serviço dos homens”. São Paulo escreve que os anjos são “espíritos encarregados para um serviço, enviados àqueles que deverão herdar a salvação” (Hb 1,14). A teologia escolástica afirmava serem os anjos os mediadores, subordinados a Deus, a serviço de Cristo.
Uma das maiores autoridades em angelologia. Monsenhor Giuseppe Del Ton, sobre como são os anjos, qual a sua forma e o que podem fazer a nosso favor, diz que “são seres espirituais, inteligentíssimos, dotados de personalidades distintas, que têm consciência de suas realidades e missões. [...] Sua forma corpórea é uma questão controvertida entre os teólogos. São Gregório Nazianzo afirmou que eles são seres espirituais, mas que, para cumprir missões de Deus, podem assumir formas visíveis. [...] Sendo bons, inteligentes, poderosos e cientes do plano de Deus para os homens, eles podem nos auxiliar nesta vida a buscar a salvação eterna”.
Em algumas passagens da Bíblia, os anjos recebem nomes genéricos, como arcanjos, querubins e serafins (Gn 4,24; Is 6,6; 1Ts 4,16; Hb 9,5); em outras, recebem nome pessoal, como Miguel (Ap 12,7), Gabriel (Lc 1,19.26) e Rafael (Tb 3,17; 12,15).
A festa desta sexta-feira foi, originalmente, apenas de São Miguel Arcanjo, para comemorar a dedicação de um santuário consagrado ao seu culto nos subúrbios de Roma, no século V. Mais tarde, estendeu-se aos outros dois Arcanjos.
Miguel, cujo nome significa “quem é como Deus?”, é o arcanjo que se insurgiu contra satanás e seus seguidores (Jd 9; Ap 12,7; Zc 13,1-2), defensor dos amigos de Deus (Dn 10,12.21), protetor de seu povo (Dn 12,1). Foi patrono da Sinagoga e continua a sê-lo da Igreja, que a sucedeu.
Gabriel, “força de Deus”, é um dos espíritos que estão diante de Deus (Lc 1,19), revel a Daniel os segredos do plano de Deus (Dn 8,16; 9,21-22), anuncia a Zacarias o nascimento de João Batista (Lc 1,11-20) e a Maria o de Jesus (Lc 1,26-38).
Rafael, “Deus curou”, ele também entre os sete anjos que estão diante do trono de Deus (Tb 12,15; Ap 8,2), acompanha e protege Tobias nas peripécias de sua viagem e cura-lhe o pai cego.
São Lucas mostra, muitas vezes, a intervenção dos anjos nas origens da Igreja, porque, com a vinda de Cristo, a humanidade entrou em nova era, era definitiva, em que Deus está próximo do homem e o céu está unido à terra.
Na festa dos santos Arcanjos, peçamos sua intercessão para progredirmos no caminho da salvação e sermos protegidos na terra por eles que nos servem no céu.

setembro de 2000

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