“SEDE PERFEITOS...”
O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, sendo convidado a viver um processo constante de assemelhamento ao Senhor.
Jesus disse: “Sede perfeitos como meu Pai é perfeito”.
É comum ouvir-se um intérprete desta frase aproveitar-se da palavra “perfeito” para explicar este processo de “assemelhamento” do ser humano, referindo-se à origem latina da palavra como sendo “per-facere”, ou seja, “perfazer”, indicando algo que está ainda por se completar. No entanto, “perfeito” tem origem na palavra latina “perfectu”, que possui precisamente o sentido oposto, ou seja, indica algo terminado, acabado, concluído.
Se o sentido de “perfeito” fosse realmente algo a se completar, Deus também estaria “em processo”, já que Jesus afirmou que seu “Pai é perfeito”.
Analisando-se a frase de Jesus “Sede perfeitos como meu Pai é perfeito”, a chave para a compreensão do processo de assemelhamento não está na palavra “perfeito” e sim no verbo “sede”, modo imperativo do verbo “ser”.
Qualquer gramática explica que a palavra “imperativo” está ligada originalmente ao verbo latino “imperare”= “comandar”. Um verbo no imperativo geralmente, ao invés de indicar uma ordem, indica uma exortação para se cumprir a ação expressa pelo verbo. Portanto, um verbo no imperativo indica mais um conselho, um convite, do que uma ordem.
Jesus, ao dizer, “sede perfeito...” está exortando o ser humano a ser semelhante ao Pai (“... como meu Pai é perfeito”).
Cabe ainda lembrar que o verbo no modo imperativo, apesar de enunciado no tempo presente, na verdade tem valor de futuro, já que a ação expressa por ele está por se realizar. Nesse sentido, é o verbo no imperativo que transmite a idéia de processo de assemelhamento e não a palavra “perfeito”, a qual é também utilizada em relação ao Pai, porém acompanhada do mesmo verbo “ser”, só que no presente do indicativo (“... meu Pai é perfeito”), empregado aqui para indicar a “permanência” de Deus, o único que É.
setembro de 2000
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