Celebramos neste sábado, dia 27 de julho, a memória de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. E sempre que falamos de Nossa Senhora usando um de seus título, vem a muitas pessoas a dúvida: por que tantos nomes de Nossa Senhora? São diversas ou uma só pessoa?
No livreto da CNBB, Com Maria rumo ao novo milênio (1997), aparece uma historinha que ilustra bem esta questão: “Certa vez, duas comadres, que eram devotas de Maria, conversavam animadamente. A primeira dizia que tinha muita fé em Nossa Senhora Aparecida, pois havia feito uma promessa para curar sua mãe e alcançou a graça. A outra falava que Nossa Senhora de Fátima era mais poderosa, pois fez seu marido deixar de beber e voltar para casa. Entrou na conversa outra mulher que era devota de Nossa Senhora das Graças. Ela ficou confusa e perguntou: ‘Olha, gente, se Maria é uma só, por que existem tantas Nossas Senhoras?’”
Quando vivia no meio de nós, Maria de Nazaré era reconhecida, como acontece com qualquer pessoa, pelas suas características pessoais: altura, cor da pele, do cabelo e dos olhos, traços faciais, modo de se vestir, de andar e de falar, e tudo o mais que identifica um indivíduo. Após sua morte e glorificação junto a Deus, ressuscitada como Jesus, deixou de ter o corpo físico como o nosso e, portanto, aquelas características físicas que a identificavam em vida.
Dessa forma, com o passar dos séculos, aquela mesma Maria, que foi a mãe de Jesus, foi assumindo o rosto, o jeito, as características dos diferentes povos e culturas que tiveram contato com o cristianismo e, conseqüentemente, com a mãe do Salvador. Como exemplos, aquele mesmo livreto da CNBB nos diz: “Nossa Senhora de Fátima, uma devoção que nasceu em Portugal, tem traços da raça branca: rosto afinado, olhos claros, pele branca, manto branco. Nossa Senhora de Guadalupe, uma devoção que nasceu na América Latina, tem traços mestiços: rosto arredondado, pele morena, roupa de mulher grávida e manto azul-esverdeado. Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, é negra”.
Além das características físicas, chama a atenção em relação a Nossa Senhora a infinidade de títulos e nomes dados a ela. Isso se deve às circunstâncias em que a devoção a Maria ganhou impulso em determinado tempo ou lugar. Se houve aparições de Nossa Senhora, geralmente ela passa a receber o nome do lugar dessas aparições: Lourdes, Salete, Fátima... O nome pode ser dado também em referência a algum sinal ou detalhe relativo ao início da devoção: Neve, Pilar... Fazendo-se memória da vida de Maria, ganha nomes como Calvário, Piedade, Dores, Nazaré, Desterro... Se a devoção é para alcançar graças específicas, o nome de Nossa Senhora revela isso: Aflitos, Cabeça, Auxiliadora, Refúgio dos Pecadores... E dessa forma, inúmeros títulos e nomes vão sendo dados a Maria. Lemos no livreto citado da CNBB: “As diferentes ‘Nossas Senhoras’ são como fotografias retocadas da mesma Maria de Nazaré, que já está glorificada por Deus. Fotografias que têm, ao mesmo tempo, a sua marca, a marca de Deus e as nossas marcas humanas. Cada ‘Nossa Senhora’ é uma maneira de Maria se inculturar, assumir o jeito de diferentes povos, culturas e momentos da história”.
O importante é reconhecer em cada invocação de Nossa Senhora aquela única mulher retratada na Bíblia que aceitou tornar-se mãe do Messias a partir de uma visão do Anjo (Lc 1,26-38); que esteve ao lado de Jesus desde o berço (Mt 2,11) até sua morte na cruz (Jo 19, 25); que intercedeu junto a seu Filho na bodas de Caná, quando ele realizou o seu primeiro milagre (Jo 2, 1-12); que após a Ressusrreição de Jesus, esteve em oração com os discípulos de Seu Filho, aguardando a vinda do Espírito Santo (At 1, 14); que guardava todos os mistérios que não compreendia em seu coração (Lc 2, 51b).
No dia em que celebramos a memória de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, peçamos à mesma e única Maria, Mãe de Jesus e mãe nossa, que interceda por nós junto a Seu Filho e, meditando sua vida e sua conduta exemplar de discípula de Cristo, cheguemos um dia à morada eterna do Pai, através do amor ao mesmo Cristo e aos nossos irmãos.
27/07/2002
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