VIVENDO A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
Finda a Semana Santa e celebrada a Ressurreição de Jesus no último domingo, o Tempo Pascal continua pelas próximas semanas, até Pentecostes, devendo ser celebrado como um único dia de festa, um único e grande Domingo, daí serem chamados todos “domingos da Páscoa”.
A celebração da Semana Santa e do Domingo da Ressurreição levam-nos a meditar sobre seus significados e reflexos em nossas vidas cotidianas.
Para todo o povo de Deus, particularmente os mais necessitados, os excluídos, os perseguidos, os sofredores, os abandonados, os discriminados, é muito mais fácil fazer a experiência da Paixão de Jesus do que de sua Ressurreição. A partir dos acontecimentos que abalam as nossas vidas, conseguimos associar os nossos sofrimentos aos de Cristo e encontrar forças e esperanças para superá-los ou enfrentá-los. Foi comum, como acontece todos os anos, as demonstrações de pesar e de tristeza estampadas em tantos rostos de fiéis que acompanharam as diversas procissões do Senhor morto que se realizaram durante a Semana Santa, demonstrações que muitas vezes chegam às lágrimas. Quantos não vêem na Paixão de Jesus o seu próprio sofrimento?!
No entanto, quando celebramos a Ressurreição de Jesus, tanto na Vigília Pascal quanto nas missas da Ressurreição, as demonstrações de alegria nem se comparam às de tristeza dos dias anteriores. Celebramos liturgicamente a Páscoa, mas ela parece não ter tanto significado e reflexo na vida das pessoas, o que jamais deveria acontecer, uma vez que toda a razão de nossa fé está no fato de Jesus haver ressuscitado: “se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé” (1Cor 15,14), já nos ensinava Paulo no século I.
Devemos nos perguntar: por que razão não conseguimos fazer uma experiência tão intensa da Ressurreição na nossa vida cotidiana quanto fazemos da Paixão do Senhor?
A própria pergunta nos oferece o elemento que talvez nos ajude a encontrar a resposta: nossa vida cotidiana. Enquanto as dificuldades de nossas vidas cotidianas são associadas ao sofrimento de Jesus, Sua Ressurreição parece que só nos alcançará no futuro, na vida eterna, e não nesta vida, no nosso hoje e no nosso agora. Assim, só conseguiremos viver o sentido da Páscoa de Jesus quando a associarmos à nossa vida presente. Morrer com Jesus e ressuscitar com ele para uma vida nova (cf. Rm 6,4) significa transformar a nossa vida – baseada nos valores da sociedade, os quais promovem todo tipo de egoísmo, injustiça e discriminação – em uma nova vida, baseada nos valores do Evangelho pregado e vivido por Jesus de Nazaré: amor, fraternidade, igualdade, justiça.
Durante toda a semana, nas leituras dos Evangelhos das aparições de Jesus a seus discípulos, percebemos que a experiência do Ressuscitado feita por todos levou-os à ação. O mesmo deve acontecer conosco: devemos viver a experiência da Ressurreição de Jesus através de uma fé ativa que nos leve a transformar nossa vida numa vida nova, expressa dentro da comunidade em ações concretas que revelem o Reino de Deus a nós e a nossos irmãos: acolhendo, ouvindo, partilhando, compreendendo, não julgando, servindo, amando, ajudando, lembrando, procurando fazer-se próximo de cada necessitado de nosso tempo, de nossa atenção, de nosso carinho.
Compreender a Ressurreição de Jesus apenas como esperança de vida na eternidade é empobrecer a grandiosidade do sentido pascal do sacrifício de Cristo, além de correr-se o risco de ter essa mesma esperança manipulada por uma pequena parcela da humanidade, gananciosa e que vive valores contrários aos valores evangélicos, para explorar, oprimir, escravizar, violentar, subjugar, injustiçar a grande massa humana composta por trabalhadores, pais e mães de família, crianças, idosos, privados de uma vida digna de acordo a vontade e os desígnios de Deus. A Ressurreição de Jesus é esperança de transformação de nosso mundo no presente da história, a partir da ação e do compromisso de cada cristão.
Que esta reflexão sobre a Páscoa do Senhor faça com que cada um de nós, cristão e cidadão que vive nesta sofrida e injustiçada Baixada Fluminense, renasça para uma nova vida, segundo o Espírito do Ressuscitado, para que sejamos sinal do Reino de Deus em meio a este mundo ainda tão egoísta, dividido, violento e injusto, a fim de que a cada celebração da Páscoa do Senhor celebremos também a nossa páscoa, a nossa ressurreição nesta vida.
Finda a Semana Santa e celebrada a Ressurreição de Jesus no último domingo, o Tempo Pascal continua pelas próximas semanas, até Pentecostes, devendo ser celebrado como um único dia de festa, um único e grande Domingo, daí serem chamados todos “domingos da Páscoa”.
A celebração da Semana Santa e do Domingo da Ressurreição levam-nos a meditar sobre seus significados e reflexos em nossas vidas cotidianas.
Para todo o povo de Deus, particularmente os mais necessitados, os excluídos, os perseguidos, os sofredores, os abandonados, os discriminados, é muito mais fácil fazer a experiência da Paixão de Jesus do que de sua Ressurreição. A partir dos acontecimentos que abalam as nossas vidas, conseguimos associar os nossos sofrimentos aos de Cristo e encontrar forças e esperanças para superá-los ou enfrentá-los. Foi comum, como acontece todos os anos, as demonstrações de pesar e de tristeza estampadas em tantos rostos de fiéis que acompanharam as diversas procissões do Senhor morto que se realizaram durante a Semana Santa, demonstrações que muitas vezes chegam às lágrimas. Quantos não vêem na Paixão de Jesus o seu próprio sofrimento?!
No entanto, quando celebramos a Ressurreição de Jesus, tanto na Vigília Pascal quanto nas missas da Ressurreição, as demonstrações de alegria nem se comparam às de tristeza dos dias anteriores. Celebramos liturgicamente a Páscoa, mas ela parece não ter tanto significado e reflexo na vida das pessoas, o que jamais deveria acontecer, uma vez que toda a razão de nossa fé está no fato de Jesus haver ressuscitado: “se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé” (1Cor 15,14), já nos ensinava Paulo no século I.
Devemos nos perguntar: por que razão não conseguimos fazer uma experiência tão intensa da Ressurreição na nossa vida cotidiana quanto fazemos da Paixão do Senhor?
A própria pergunta nos oferece o elemento que talvez nos ajude a encontrar a resposta: nossa vida cotidiana. Enquanto as dificuldades de nossas vidas cotidianas são associadas ao sofrimento de Jesus, Sua Ressurreição parece que só nos alcançará no futuro, na vida eterna, e não nesta vida, no nosso hoje e no nosso agora. Assim, só conseguiremos viver o sentido da Páscoa de Jesus quando a associarmos à nossa vida presente. Morrer com Jesus e ressuscitar com ele para uma vida nova (cf. Rm 6,4) significa transformar a nossa vida – baseada nos valores da sociedade, os quais promovem todo tipo de egoísmo, injustiça e discriminação – em uma nova vida, baseada nos valores do Evangelho pregado e vivido por Jesus de Nazaré: amor, fraternidade, igualdade, justiça.
Durante toda a semana, nas leituras dos Evangelhos das aparições de Jesus a seus discípulos, percebemos que a experiência do Ressuscitado feita por todos levou-os à ação. O mesmo deve acontecer conosco: devemos viver a experiência da Ressurreição de Jesus através de uma fé ativa que nos leve a transformar nossa vida numa vida nova, expressa dentro da comunidade em ações concretas que revelem o Reino de Deus a nós e a nossos irmãos: acolhendo, ouvindo, partilhando, compreendendo, não julgando, servindo, amando, ajudando, lembrando, procurando fazer-se próximo de cada necessitado de nosso tempo, de nossa atenção, de nosso carinho.
Compreender a Ressurreição de Jesus apenas como esperança de vida na eternidade é empobrecer a grandiosidade do sentido pascal do sacrifício de Cristo, além de correr-se o risco de ter essa mesma esperança manipulada por uma pequena parcela da humanidade, gananciosa e que vive valores contrários aos valores evangélicos, para explorar, oprimir, escravizar, violentar, subjugar, injustiçar a grande massa humana composta por trabalhadores, pais e mães de família, crianças, idosos, privados de uma vida digna de acordo a vontade e os desígnios de Deus. A Ressurreição de Jesus é esperança de transformação de nosso mundo no presente da história, a partir da ação e do compromisso de cada cristão.
Que esta reflexão sobre a Páscoa do Senhor faça com que cada um de nós, cristão e cidadão que vive nesta sofrida e injustiçada Baixada Fluminense, renasça para uma nova vida, segundo o Espírito do Ressuscitado, para que sejamos sinal do Reino de Deus em meio a este mundo ainda tão egoísta, dividido, violento e injusto, a fim de que a cada celebração da Páscoa do Senhor celebremos também a nossa páscoa, a nossa ressurreição nesta vida.
06/04/2002
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