No calendário litúrgico da Igreja Católica, o mês de agosto é, tradicionalmente, dedicado às orações pelas vocações, principalmente as sacerdotais e religiosas. Se, por um lado, oramos para que o Senhor envie mais trabalhadores para sua messe, pensando tantas vezes apenas nos sacerdotes, por outro, pouco sabemos sobre um dos sete sacramentos, o Sacramento da Ordem, e, por essa razão, confundimos o que é próprio a todos os fiéis e o que é próprio do sacerdote.
O Concílio Vaticano II nos lembra que Jesus Cristo é o único, sumo e eterno sacerdote da Nova Aliança, comunicando à Igreja o seu sacerdócio e o seu sacrifício. Este único sacerdócio de Cristo realiza-se na Igreja em duas dimensões: no sacerdócio comum dos fiéis e no sacerdócio hierárquico ou ministerial.
O sacerdócio comum dos fiéis provém de Cristo, no momento de nosso batismo, sendo, portanto, universal, ou seja, estendido a todos os fiéis batizados. Já o sacerdócio hierárquico ou ministerial é conferido pelo Sacramento da Ordem, sendo particular, isto é, conferido apenas a alguns. Isso, no entanto, não significa que um é mais importante que o outro, mas sim que são modos diversos de participar do único sacerdócio de Cristo.
Essa dupla dimensão do único sacerdócio de Cristo está fundamentada na Sua relação com a Igreja: Cristo é a cabeça e constitui com os membros a totalidade do corpo. Conforme sublinha o Vaticano II, em Cristo, “os fiéis todos tornam-se um sacerdócio santo e régio, oferecem a Deus hóstias espirituais por Jesus Cristo. (...) Não existe assim membro que não tenha parte na missão de todo o corpo” (PO 2).
Todos nós, batizados, participamos sacramentalmente do único sacerdócio de Cristo pelo batismo, em vista da celebração do Seu sacrifício (Eucaristia). Para cumprir esta celebração, algumas pessoas são ordenadas (sacerdotes). Em outras palavras, o sacerdócio comum de todos os fiéis se dá na oferta de si mesmo através de uma vida santa e no culto sacramental. No sacerdócio ministerial ou hierárquico, os ministros ordenados (padres) “exercem seu sagrado múnus principalmente no culto eucarístico, no qual, agindo na pessoa de Cristo e proclamando seu mistério, unem os votos dos fiéis ao sacrifício de sua Cabeça e, até a volta do Senhor (cf. 1Cor 11,26), representam e aplicam no sacrifício da Missa o único sacrifício do Novo Testamento, isto é, o sacrifício de Cristo” (LG 28).
Disso tudo concluímos que, embora desempenhem um papel evangelizador insubstituível, os padres não foram instituídos por Cristo a fim de assumirem sozinhos toda a missão salvífica da Igreja do mundo (cf. LG 30), mas a partilhá-la com todos os fiéis, cada um com sua função específica como membro do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja.
agosto de 2001
Nenhum comentário:
Postar um comentário