SÃO JOSÉ



Na história da Igreja, existem grandes figuras de homens e mulheres que foram canonizadas pelas suas virtudes e por seus sacrifícios extremados, que os levaram a sofrimentos que a maioria das pessoas não suportaria, como é o caso de São Francisco de Assis e de São Sebastião, só para citar dois exemplos. Há, no entanto, personagens que alcançaram a santidade não através do sofrimento ou de grandes feitos, mas nas pequenas coisas do dia a dia, estando, talvez por isso, muito mais próximos da realidade do povo, sendo alvo de grande devoção popular. É o caso, por exemplo, de Santa Teresinha do Menino Jesus e do santo que comemoramos na próxima terça-feira, dia 19: São José.
A Igreja nunca separa São José de sua esposa Maria e de seu filho Jesus, como perceberemos pelas leituras bíblicas de sua festa. Ele é apresentado como o Justo, fiel no humilde desempenho de sua incumbência de velar pela Sagrada Família de Nazaré, tornando-se modelo das virtudes da família e das humildes tarefas cotidianas. Seu nome aparece muito pouco nos Evangelhos segundo Mateus e Lucas, pouco sabemos de sua vida e nada de sua morte. Marcos e João nem sequer o mencionam em seus Evangelhos. Talvez por serem tão poucas informações, o seu culto só muito tarde se desenvolveu e sua festa, que existia em vários lugares e em datas diversas, foi fixada a 19 de março apenas no século XV, estendendo-se para toda a Igreja em 1621. Somente em 1870 Pio IX proclamou São José padroeiro da Igreja universal.
São José, a exemplo de tantos santos anônimos de todos os tempos e também do nosso, soube viver a simplicidade da mensagem evangélica que seu filho adotivo, Jesus, proclamaria durante sua vida pública. Lendo os evangelhos, percebemos que o cristianismo apostólico, primitivo, não era dado a grandes atos, mas a pequenas ações no dia a dia. Ser cristão significava acreditar e viver grandes virtudes de uma maneira diferente, expressa nas pequenas atitudes: ser verdadeiro na vida (Mt 5,37), cuidar um do outro, corrigindo com caridade (Mt 18,15); viver a simplicidade de cada dia e a providência divina (Mt 6,32-34); desapegar-se de tudo o que impede o ser humano de viver plenamente (Jo 5,17).
Na confiança no Senhor e na simplicidade de sua vida, São José alcançou sua santificação: acolheu um filho que não era seu e cuidou da criança e de sua mãe, tendo inclusive de abandonar sua casa e sua terra, viver como estrangeiro no Egito e sustentar a família com seu trabalho de carpinteiro. É só o que sabemos de sua história. Um homem que cumpriu em sua vida a vontade de Deus, mas não foi passivo, vivendo de seu trabalho árduo e simples.
Talvez seja esse exemplo de vida e de virtude que aproxima tanto o nosso povo de São José. Há como uma identificação de vidas na humildade e na fé diárias. É como se o povo intuísse que sua própria santificação não virá por grandes feitos, mas nas pequenas coisas do cotidiano, na pequena via, na infância espiritual da qual nos falou Santa Teresinha do Menino Jesus.
Um sinal dessa proximidade do povo com São José está expresso no grande número de comunidades a ele dedicadas em nossa Diocese: 16, sem contar as 8 comunidades e 2 Igrejas-matrizes que recebem o nome de São José Operário; ao todo, 26 comunidades batizadas em honra ao pai adotivo de Jesus.
Que a exemplo de São José, cada um de nós, aqui da Baixada Fluminense, ajude na construção do Reino de Deus anunciado por Jesus Cristo através do testemunho vivo e simples em sua família, em seu trabalho, na sua escola, na sua comunidade.

16/03/2002

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